Em 'Bela, A Feia', Raul Gazolla se diverte como mulherengo
- Arcângela Mota
- Rio de Janeiro
Aos 54 anos de idade, Raul Gazolla ainda encara o trabalho como uma diversão. Apaixonado por personagens cômicos, o intérprete do Armando, de Bela, A Feia, garante passar bons momentos na pele do cinquentão metido a galã. ¿"á para brincar bastante com esse lado de conquistador barato dele. É um trabalho diferente e as gravações são sempre muito descontraídas", conta.
Raul conta que as travessuras amorosas do personagem têm tido muito mais efeito no público masculino do que no feminino. O ator garante que ainda não recebeu cantadas e nem foi repreendido pelas mulheres. "Até hoje, nenhuma mulher me parou para falar sobre o Armando. Já os homens costumam elogiar e fazer piadas", diverte-se.
O Armando é um personagem vaidoso, que exige uma preocupação com a aparência. Como se preparou para ele?
Sempre me cuidei muito. Faço malhação, corrida, jiu-jítsu e sigo uma dieta rigorosa. É difícil manter o tônus muscular após os 50 anos, ainda mais quando tenho de me dividir entre as funções de ator, pai e marido. Mas não faço essas coisas pelo Armando, e sim por mim. Sou um homem vaidoso. Já recorri a algumas cirurgias plásticas e tratamentos estéticos que ajudaram na minha auto-estima e na profissão. Em nenhum momento me arrependi e não recrimino quem faz. Acho que a medicina existe para ajudar as pessoas. Considero válida qualquer coisa que possa ser feita para melhorar a qualidade de vida, tanto física quanto mental.
Você acredita que a sua imagem ainda está vinculada à figura de galã?
Não me considero um galã. Acho que o José Mayer é o único galã com mais de 50 anos que existe na tevê brasileira. Minha imagem não está mais vinculada a isso há muito tempo. Fui galã há 20 anos, quando estava começando minha carreira. O fato de estar interpretando um cinquentão metido a galã não muda nada. O Armando é um tipo muito comum hoje em dia. Ele representa os homens que ainda não amadureceram e querem provar virilidade. O personagem explora esse rótulo e mostra como é quase ridículo um homem dessa idade se fazendo de conquistador barato. Tento passar isso para o público de um jeito divertido.
Você ficou algum tempo afastado da tevê e só voltou ao ar em novelas da Glória Perez. Isso chegou a te incomodar?
Nunca. Na verdade, eu só fiz duas novelas da Glória em mais de 20 anos de carreira. Eu trabalhei em O Clone, em 2001, e em América, em 2005. As pessoas acham que eu era protegido por ter sido casado com a filha dela, a Daniela Perez, e acabam dando mais importância a isso do que deveriam. Entendo que a Glória é uma autora polêmica e de muito sucesso. Por isso acaba chamando mais atenção para as suas novelas. Amei os trabalhos que fiz com ela e eles me enriqueceram muito, assim como qualquer outro papel que eu tenha feito.
Você foi convidado para atuar em Caminho das Índias. Por que não foi?
A Glória sempre foi muito carinhosa comigo e me ofereceu um papel na novela. Ela me deu todo apoio caso eu quisesse voltar para a Globo. Nem cogitei quebrar meu contrato com a Record porque acho que um ator tem de ter credibilidade, saber honrar com os compromissos que assume. Mas, independentemente de qualquer relação profissional, eu e a Glória somos grandes amigos. Nós temos uma relação ótima fora da tevê e dou muito valor a isso.
Em 2006, você saiu da Globo e foi para a Record. O que motivou essa decisão?
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, nunca fui um ator contratado da Globo. Meus contratos eram por obra, duravam no máximo um ano. Sempre fui muito bem tratado lá, mas tenho um carinho especial pela Record porque ela me garantiu uma estabilidade que não tinha antes. É uma emissora que está crescendo muito, me dá um tratamento ótimo e não pretendo sair. Tenho um contrato de muitos anos com a Record.
Bela, A Feia - Record - Segunda a sexta, às 21 h.