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Com 'ZeroZeroZero', Amazon entra no nicho das narcosséries

Produção que estreia na sexta, 6, retrata mercado global de cocaína

4 mar 2020 - 07h10
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Com liturgias, regras e códigos morais próprios, o mercado global de cocaína movimenta bilhões de dólares todo ano e está estruturado como uma sofisticada rede empresarial na qual players com perfis completamente diferentes jogam afinados como um relógio suíço.

Os grandes "empresários" do ramo são em sua maioria pais de família respeitados por suas comunidades no México, nos Estados Unidos e na Europa e mantêm negócios de fachada enquanto operam o tráfico de forma violenta. Esse universo peculiar se tornou fetiche do público e inspirou dezenas de documentários, filmes e séries.

Na esteira da bem-sucedida franquia Narcos, da concorrente Netflix, a Amazon Prime Vídeo coloca em seu catálogo na sexta-feira, 6, a série ZeroZeroZero, uma superprodução que acompanha o caminho do pó do chão de fábrica no México, onde é embalada em latas de chili, até o nariz do consumidor final na Europa.

O título é uma gíria usada pelos europeus para a cocaína de altíssima qualidade produzida pela elite do narcotráfico mundial. Trata-se de uma ficção, que fique claro, mas que foi baseada no livro homônimo do cultuado jornalista e escritor italiano Roberto Saviano.

É a assinatura e o caderno de fontes dele nos serviços de inteligência que conferem à série um grau de verossimilhança maior que todas as outras obras do gênero, a maioria inspirada em biografias de "capos", como Pablo Escobar, Chapo ou Felix Gallardo.

Ameaçado de morte em 2006 depois de seu livro-reportagem sobre a máfia napolitana, Camorra (que foi adaptado para o cinema), Saviano vive há mais de uma década em endereço desconhecido e sob vigilância cerrada 24 horas por dia.

Em 2015, ele cancelou sua participação na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), onde seria o principal convidado da 13.ª edição do evento.

Na ocasião, a organização da Flip divulgou um comunicado dizendo que o escritor "não foi autorizado" pelos responsáveis por sua segurança a deixar o continente europeu.

Escala. A narrativa conta a história na perspectiva de todos envolvidos - vendedores, intermediários e compradores de pó. Já no primeiro episódio, um pagamento é extraviado, o que quebra toda a cadeia produtiva e causa consequências em três continentes.

"Foi um privilégio trabalhar em uma série criada por alguém que escreveu um livro muito técnico sobre o funcionamento do ramo. O livro do Roberto Saviano, que eu li, obviamente, dá uma boa ideia de como esse mundo funciona, embora seja ficcional. A série é uma extensão desse livro", disse ao Estado, por telefone, a atriz Andrea Riseborough (A Morte de Stalin, A Guerra dos Sexos).

Na série da Amazon ela interpreta a personagem Emma Lynwood, que cuida do dia a dia das operações da transportadora de seu pai, interpretado por Gabriel Byrne (In Treatment, Os Suspeitos).

Com a morte do patriarca, ela é obrigada a tomar decisões drásticas para manter o negócio funcionando.

A empresa de transportes marítimos, cuja sede fica em New Orleans, tem mais cem anos na praça, mas mergulha no tráfico para sobreviver.

Assim como Saviano, o criador da série ZeroZeroZero (e diretor dos dois primeiros episódios) também conhece como poucos o riscado do tráfico. O diretor e roteirista italiano Stefano Sollima assina dois clássicos do gênero: Sicário e Gomorra.

A série também abre um debate clichê em produções do gênero. Uma força de elite da polícia mexicana nos moldes do Bope do Capitão Nascimento corre por fora da polícia local corrupta e usa e abusa da tortura como método de trabalho.

Vale tudo na luta contra as drogas? Algumas cenas são especialmente fortes, como a morte de uma garotinha por bala perdida durante um tiroteio em um mercado logo no primeiro episódio.

Laboratório. Após apostar suas fichas em Hunters, série na qual Al Pacino é um caçador de nazistas, a Amazon Prime Vídeo fez de ZeroZeroZero seu novo grande investimento de 2020. A plataforma não revela o investimento, mas o elenco custou caro.

Um dos protagonistas é o ator Dane DeHaan, que fez O Espetacular Homem-Aranha 2. Ele interpreta Chris Lynwood, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando sua ajuda é solicitada no negócio da família enquanto ele luta contra uma doença degenerativa.

"Meu personagem tem algo chamado doença de Huntington, que é uma doença degenerativa genética. Mas uma coisa que gosto da série é que ela não é sobre um personagem com a doença - isso é só um dos obstáculos no caminho do personagem que tem que superar muitas outras coisas", acrescentou o ator.

Estadão
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