‘Zorra’ bomba no Ibope enquanto ‘Pânico’ mergulha na crise
Humor politizado da Globo surpreende frente ao escracho repetitivo da Band
Teve ruidosa repercussão a notícia do fim do ‘Pânico na Band’, divulgada pelo colunista Flávio Ricco, do UOL. Em crise há tempos, o programa chegaria ao fim em dezembro, após cinco anos e meio na emissora do Morumbi.
O humorístico liderado por Emílio Surita enfrenta decadência no Ibope que o faz frequentemente atrair menos público que o concorrente direto, o ‘Encrenca’ da RedeTV!.
Neste ano, a atração da Band registra 4.7 pontos de audiência média – a cada edição, consegue cerca de 950 mil telespectadores na região metropolitana de São Paulo.
É um índice positivo para o canal, mas distante das melhores fases do ‘Pânico’. No seu primeiro ano na casa nova, para onde se transferiu depois de oito anos na RedeTV!, o programa chegou a marcar média de 10 pontos.
O diagnóstico da queda é óbvio: a dificuldade de se reinventar. A atração patina no gênero que ajudou a renovar: o humor baseado na esculhambação.
Em tempos de sucesso de youtubers-comediantes, o ‘Pânico’ se mostra repetitivo e datado. O festival de brincadeiras ora escatológicas ora violentas não surte mais efeito.
Os talentos da equipe são inegáveis – Márvio Lúcio, o Carioca, por exemplo, está entre os melhores humoristas do País.
O problema é mesmo no formato. O dinamismo que a internet impôs à TV exige uma renovação permanente que o programa não consegue implementar.
Há ainda o vácuo aberto com a saída de nomes importantes da turma, como Sabrina Sato, Ceará e Eduardo Sterblitch. Ainda que ninguém seja insubstituível, eles fazem falta à atração.
Enquanto isso, na Globo, o ‘Zorra’ surpreende pela ótima audiência. Ao ser reformulada, em 2015, a produção chegou a ser acusada de fazer humor elitizado e pouco engraçado.
O tempo mostrou que a mudança foi bem-sucedida. A terceira temporada, no ar desde abril, está com média de 22 pontos. Esse número representa quase 4,5 milhões de pessoas assistindo ao programa todo sábado.
O ‘Zorra’ tem surfado na crise ética do País. O brasileiro não se mostra animado a protestar nas ruas contra os políticos, mas gosta de rir do deboche que o programa faz deles.