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Jeff Benício

Raphael Rossatto se destaca na dublagem para TV e cinema

Ator revela em seu canal no YouTube os personagens a quem deu voz em português

4 dez 2018 - 14h48
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Parte da magia dos personagens vistos nos filmes, séries e animações está na voz. Por isso o trabalho dos dubladores é tão importante para o sucesso de um produto audiovisual.

Aos 31 anos, o carioca Raphael Rossatto já conquistou espaço valioso nessa indústria.

Sua voz está associada a tipos de sucesso como o jovem Augustus Waters, interpretado pelo galã Ansel Elgort em A Culpa é das Estrelas, e o Senhor das Estrelas, papel do astro Chris Pratt em Guardiões da Galáxia.

Versátil, já dublou também aqueles irresistíveis personagens dramalhões de novelas mexicanas.

O ator se divide entre os estúdios de dublagem, o teatro e os shows de sua banda
O ator se divide entre os estúdios de dublagem, o teatro e os shows de sua banda
Foto: ErnnaCost / Divulgação

Rossatto também atua no teatro, canta e ataca de youtuber em seu canal EuDublei. Em conversa com o blog, o artista revelou detalhes de seu trabalho.

Como foi seu início no universo da dublagem?

Eu fazia locução e apresentação de espetáculos, e algumas pessoas vieram me perguntar se era dublador por causa da minha voz. A partir daí, comecei a correr atrás do que era a dublagem, porque eu não conhecia. Fiz um curso, gostei, e dali já fui indicado pelos meus professores para começar a trabalhar.

Qual foi o primeiro personagem?

O Flynn Rider, da animação Enrolados. Originalmente eu faria o personagem falando e cantando. Por questões de marketing, quem fez a parte falada foi o Luciano Huck, e eu fiz a cantada. Depois disso, o primeiro personagem dublado a quem eu dei voz foi Gary Wilde (ator R. Brandon Johnson), da série No Ritmo de Chicago, do Disney Channel.

Chegou a dublar algum personagem de quem era fã?

Sempre gostei muito da Marvel, então dublar o Senhor das Estrelas, de Guardiões da Galáxia, foi gostoso de fazer, assim como filmes da Disney. Inserir minha marca nesse universo Disney é uma coisa especial para mim! Outro trabalho marcante foi o Augustus Waters, de A Culpa é das Estrelas. O filme é baseado num livro, e eu já conhecia a obra e gostava do personagem. Ter a oportunidade de dar voz a ele foi gratificante.

O trabalho de dublagem concentra a interpretação na voz. Como é sua preparação para cada trabalho?

Não demanda grande preparação. Nós, dubladores, somos meio que jogados na fogueira.  A gente tem que se virar na hora, e esse é justamente o grande barato de dublar. Temos que pensar rápido. Não existe ensaio prévio, não assistimos ao filme com antecedência; isso só acontece em raríssimos casos. Na hora, o diretor explica do que se trata o filme, diz como o personagem é, e você cria em cima da interpretação original. Precisamos ser bons de improviso.

Raphael Rossatto durante uma dublagem e alguns dos personagens com sua voz
Raphael Rossatto durante uma dublagem e alguns dos personagens com sua voz
Foto: ErnnaCost / Divulgação

Como define o tom de voz e o estilo de cada personagem que dubla?

Na verdade, temos que nos basear no original, principalmente se tratando de filmes e séries. Entregamos um pouco da gente, mas não podemos fugir da realidade. O máximo que conseguimos é aplicar uma ou outra característica pessoal, mas sem destoar da interpretação e entonação do personagem. Tratando-se de desenho, há uma liberdade maior de criação, nem sempre é necessário ter uma voz parecida, você pode criar algo que seja compatível com a imagem daquele personagem, e isso é inventado na hora também.

Quanto tempo leva para dublar um filme?

Depende. Se você é o único protagonista da produção, levará em torno de oito a dez horas para concluir o trabalho. Já um filme como Guardiões da Galáxia, com cinco protagonistas e falas bem divididas, leva em torno de quatro a cinco horas.

Como surgiu a ideia do canal no YouTube?

O canal é uma coisa que eu tinha vontade de fazer fazia muito tempo, mas protelava, queria arrumar uma câmera melhor, esperar o momento certo. Descobri que não existe momento certo, e sim aquele que a gente bota a cara e faz. Os vídeos mostram um pouco dos meus trabalhos para deixar coisas registradas e, naturalmente, aumentar o meu engajamento com o público, porque isso sempre foi importante pra mim.

As pessoas reconhecem sua voz no dia a dia?

Normalmente, não. Elas começam a identificar a partir do momento que digo que sou dublador. Mas eu tive um momento curioso na rodoviária de São Paulo, ao comprar uma passagem para o Rio de Janeiro. Troquei meia dúzia de palavras com a atendente do guichê. De repente, ela perguntou se eu dublava o Kristoff de Frozen. Quando disse que sim, aí a moça ficou enlouquecida (risos). Foi a situação mais inusitada que me aconteceu, justamente por não ter conversado quase nada com ela.

Quais os cuidados com sua voz? Já ‘perdeu’ a voz em alguma dublagem?

Cuidados básicos, como não tomar muito gelado nem gastar a voz. Se eu estiver numa festa ou barzinho que tenha som alto, não devo competir com a música, porque quanto mais você fala alto, mais gasta a voz. Além disso, o sono é importante, e beber bastante água também. Já perdi alguns trabalhos por conta da rouquidão. Sou cantor, tenho uma banda, e quando há muito show para fazer, aí acaba afetando a voz.

Rossatto descende de uma tradicional família de artistas circenses
Rossatto descende de uma tradicional família de artistas circenses
Foto: ErnnaCost / Divulgação

Comente um pouco de seu trabalho no teatro musical. A voz é mais exigida do que na dublagem?

Nos musicais não há tanta exigência de voz. Quem dubla leva certa vantagem quando vai fazer a leitura de um espetáculo, acaba se destacando. Mas também tem um problema aí.  Quando a gente vai para os palcos parece que não desliga essa chavinha da dublagem. Então temos que ter maleabilidade para fazer uma interpretação mais natural.

Quais seus mestres ou inspiradores na dublagem?

Depois que fui conhecendo o mundo da dublagem, descobri os donos das vozes que marcaram minha infância. Garcia Júnior foi o que mais significou para mim. Ele era a voz do Simba, de O Rei Leão. Eu adoro o personagem. O Garcia é dublador de He-Man e atores como Arnold Schwarzenegger e Jean-Claude Van Damme. O Patrick de Oliveira, que dublava o Simba quando criança, me inspirou porque eu o imitava quando era garoto. Sempre gostei de vozeirões, como a do falecido Paulo Flores, o Mufasa de O Rei Leão. Me espelhei em vozes como a dele. Outras referências são minha professora, Mabel César, que dubla a Luluzinha, Catherine Zeta-Jones, e é atualmente a voz da Globo nas locuções; o Manolo Rey, que dublava Um Maluco no Pedaço, Homem-Aranha e o Gaguinho do Looney Tunes; Márcio Simões, que era o gênio do Aladdin, também faz o Samuel L. Jackson, Will Smith, e o meu per sonagem favorito de série, que é o Jack Bauer (Kiefer Sutherland), de 24 Horas. Ele inspirou o nome da minha banda, Jack B.

Como foi interpretar Jesus num musical?

Uma das melhores coisas que fiz na minha carreira. Eu poderia atuar em Godspell para o resto da vida, porque é muito gratificante. A gente sai do teatro com uma felicidade intensa e contagiante, realizados de fazer aquele trabalho. Eu, particularmente, me sinto uma pessoa melhor. Penso que cumpri o meu dever e levei as palavras de Jesus às pessoas. O espetáculo não é religioso. Trata de amor e de você aceitar as diferenças entre os diversos tipos de pessoas. Faço Jesus da forma que eu o enxergo, e não como os padres e pastores pintam nas pregações. Faço um Jesus amigo, parceiro, brincalhão.

Pensa atuar em novela?

Adoraria fazer uma novela, mas não é o meu foco da vida, não me dedico muito para que isso aconteça. Tenho curiosidade de testar para ver se gosto. Mais do que novela, quero fazer cinema.

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