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Globo esnoba Parada Gay, mas promove os LGBT+ nas novelas

Emissora é a que dá mais visibilidade à diversidade sexual na TV brasileira

3 jun 2018 - 17h13
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Elis Miranda (Silvero Pereira), a travesti de ‘A Força do Querer’: a ficção usada para representar a cruel realidade dos LGBT+ no Brasil
Elis Miranda (Silvero Pereira), a travesti de ‘A Força do Querer’: a ficção usada para representar a cruel realidade dos LGBT+ no Brasil
Foto: Raquel Cunha/TV Globo

A 22ª edição da Parada Gay de São Paulo, com o tema ‘Eleições: Poder para LGBT+, Nosso Voto, Nossa Voz’, atraiu milhares de pessoas à Avenida Paulista e lotou o entorno da Praça da República, no centro, no domingo (3).

Emissora líder em audiência, a Globo costuma ter atuação tímida na cobertura do gigantesco evento.

Restringe-se a exibir matérias burocráticas nos telejornais, sem aprofundamento das reivindicações do movimento tampouco da realidade violenta que faz do Brasil o País onde mais se mata gays, lésbicas, travestis e transexuais (uma morte a cada 19 horas).

Já no campo da ficção, a emissora da família Marinho pode ser considerada uma importante apoiadora da causa.

É comum ver personagens não-heterossexuais em suas novelas e séries.

A teledramaturgia global ousa ao mostrar a diversidade sexual que a sociedade em geral ainda finge não existir para, assim, não ter que aceitar.

Em ‘Amor à Vida’ (2015), houve casal gay – Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) – com direito a final feliz com beijo na boca.

Uma versão lésbica com o mesmo desfecho foi mostrada no folhetim ‘Em Família’, de 2014, com Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller).

‘A Força do Querer’ (2017) fez os brasileiros entenderem melhor a transexualidade por meio da transição física vivida por Ivana/Ivan (Carol Duarte).

Na mesma trama havia a travesti Elis Miranda, papel de Silvero Pereira. Em seus discursos didáticos, a personagem evidenciava a diferença entre o travestismo e a condição de transexual.

O amor entre mulheres na terceira idade gerou polêmica logo no primeiro capítulo de ‘Babilônia’ (2015), quando Tereza (Fernanda Montenegro) e Stella (Nathália Timberg) deram um selinho.

A rejeição ao amor das octogenárias foi apontada como principal causa do fracasso da novela. Um exagero, obviamente.

Na ocasião, os debates inflamados entre conservadores e liberais, especialmente nas redes sociais, serviram para escancarar o preconceito e, dessa maneira, o tornar mais visível para ser combatido.

No momento, o lesbianismo volta ao horário nobre da Globo com o romance secreto da policial Maura (Nanda Costa) com a dona de casa Selma (Carol Fazu) em ‘Segundo Sol’.

A teledramaturgia da Globo já mostrou também a barbárie contra os LGBT+.

Em 2011, o jovem Gilvan (Miguel Roncato) foi brutalmente espancado até a morte pela gangue de pitboys liderada pelo homofóbico Vinícius (Thiago Martins) em ‘Insensato Coração’.

Esses poucos exemplos fazem parte de uma galeria com dezenas de outros personagens LGBT+ apresentados na teledramaturgia da emissora carioca desde o primeiro deles, o costureiro Rodolfo Augusto (Ary Fontoura) na novela ‘Assim na Terra como no Céu’, em 1970.

Em quase 50 anos, a Globo produziu mais de 60 novelas com tipos fora da heteronormatividade. 

Tornou-se uma vitrine relevante para conscientizar a população a respeito da diversidade sexual flagrada em qualquer esquina do País.

Se peca ao não fazer uma abordagem jornalística consistente sobre os dramas e as necessidades da numerosa população LGBT+ brasileira, a Globo se destaca em relação às concorrentes ao usar sua produção de ficção para dar cara e voz às pessoas com orientações sexuais variadas.

Fonte: Especial para Terra
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