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Crítico de cinema analisa a influência política nas telonas

Curso com Sérgio Rizzo vai analisar os filmes do Oscar 2018

19 fev 2018 - 12h40
(atualizado às 12h41)
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O caldeirão político fervilha na sociedade norte-americana. Tal temperatura aquece as apostas para o Oscar. A maior premiação de Hollywood acontece no próximo dia 4, com transmissão na Globo e no canal TNT.

Frances McDormand em ‘Três Anúncios para um Crime’, Timothée Chalamet e Armie Hammer de ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ e Meryl Streep em ‘The Post’: mensagens contra a visão ‘trumpista’ de mundo
Frances McDormand em ‘Três Anúncios para um Crime’, Timothée Chalamet e Armie Hammer de ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ e Meryl Streep em ‘The Post’: mensagens contra a visão ‘trumpista’ de mundo
Foto: Divulgação / Sala de TV
Sérgio Rizzo vê com naturalidade a politização do cinema: “Não há filme 100% ‘desengajado’ de alguma visão de mundo”
Sérgio Rizzo vê com naturalidade a politização do cinema: “Não há filme 100% ‘desengajado’ de alguma visão de mundo”
Foto: Divulgação / Sala de TV

Anti-Trump e pró-diversidade, a maioria dos artistas do cinema faz militância política ao votar nos filmes mais engajados.

“Qualquer obra de arte que se proponha a refletir sobre o mundo em que vivemos tem sempre algum engajamento”, avalia Sérgio Rizzo.

O crítico de cinema vai ministrar um curso na Casa do Saber, em São Paulo, com foco na história do cinema a partir da indústria hollywoodiana e fará uma análise sobre os principais longas indicados ao Oscar deste ano.

O jornalista conversou com o blog:

Em 2017, a vitória de ‘Moonlight’ foi considerada política, em resposta ao conservadorismo de Trump. Acredita que o fator político terá influência na escolha do Melhor Filme este ano?

Se entendermos ‘fator político’ como o estado de coisas na sociedade americana, ele sempre interfere de alguma forma, mas combinado aos elementos de ordem artística. Este ano, os nove candidatos ao prêmio de Melhor Filme já espelham alguns dos temas presentes na agenda sociopolítica dos Estados Unidos. Basta notar que os filmes trazem o protagonismo feminino em suas tramas, como ‘Três Anúncios Para Um Crime’, ‘The Post’, ‘Lady Bird’ e até mesmo ‘A Forma da Água’.

Na sua opinião como crítico, filmes devem ser apenas entretenimento ou precisam abraçar questões políticas e sociais a fim de produzir arte engajada?

‘Arte engajada’ é uma expressão que lembra ‘arte partidariamente engajada’. Qualquer obra de arte que se proponha a refletir sobre o mundo em que vivemos tem sempre algum engajamento, e mesmo filmes voltados ao entretenimento de massas têm ideologia, ou seja, não há filme 100% ‘desengajado’ de alguma visão de mundo, mesmo que os responsáveis por ele eventualmente não estejam preocupados com isso.

O Brasil, mais uma vez, ficou fora da categoria Melhor Filme Estrangeiro. O problema está na produção cinematográfica nacional ou nos critérios de escolha do candidato a uma vaga?

São apenas cinco vagas e os critérios de seleção nessa categoria são obscuros. Mas lembro que ‘O Menino e o Mundo’ (do diretor Alê Abreu) disputou o Oscar de longa de animação em 2016, o que me parece uma proeza muito mais significativa para o cinema brasileiro.

‘Me Chame Pelo Seu Nome’, produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, é forte candidato a Melhor Filme. Qual sua avaliação do filme?

Gostei. Simpático, embora previsível desde o início e muito preocupado com o tratamento ‘politicamente correto’ do tema principal (a descoberta da homossexualidade e o relacionamento entre um jovem e um homem mais velho).

A vitória no Oscar de um filme produzido por um brasileiro beneficiaria de alguma maneira nosso mercado cinematográfico?

Seria, com certeza, muito positiva para os profissionais envolvidos diretamente com o filme premiado. Mas provavelmente a repercussão ajudaria mais o cinema brasileiro dentro do próprio Brasil do que no exterior. Ou alguém no Brasil foi atrás do cinema polonês só porque ‘Ida’ ganhou o Oscar em 2015 ou do cinema húngaro porque ‘O Filho de Saul’ ganhou o Oscar em 2016?

O Oscar completa 90 edições. É o prêmio mais midiático e também o mais desprezado por boa parte dos cineastas. Qual sua opinião?

O Oscar é uma eficiente ferramenta de divulgação planetária do cinema americano. Prova disso é que estamos agora falando dele. Parabéns para a indústria de Hollywood.

Em seu curso, você vai conduzir os participantes por mais caminhos?

No primeiro encontro, falaremos sobre a história do cinema vista a partir do Oscar. No segundo, examinaremos os candidatos em 2018 e tentaremos entender se apontam para algumas tendências.

Serviço:

Curso ‘Oscar 2018: A História do Cinema em 90 Edições’, com Sérgio Rizzo, na Casa do Saber. Dois encontros, dias 22 e 29/2, das 20h às 22h. Informações: (11) 3707-8900.

A performance de Jimmy Kimmel nos Oscars:
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