"Atuar com jovens é o maior barato", diz Marcos Winter
- Márcio Maio
A rotina de gravações de Marcos Winter em Malhação promove uma constante sensação de volta ao passado para o ator. Na pele do querido professor de Geografia Odilon, ele relembra o trabalho que teve antes de estrear na TV, em 1988, na novela Vida Nova. "Dei aulas por pouco tempo, porque logo a minha carreira de ator engrenou", lembra Winter, que é formado em Educação Artística, com especialização em Artes Cênicas. Aos 44 anos, ele também consegue se enxergar em diversos atores jovens com quem hoje contracena. Principalmente na hora de trocar experiências com eles. Algo que já fez há muitos anos, ainda novato, com Osmar Prado, Paulo José e Antônio Petrin. "Aqui é a mesma coisa, mas agora eu estou do outro lado. É gostoso observar um jovem ator nascendo", emociona-se.
Depois de 24 anos de carreira na tevê, essa é a primeira vez que você participa de algo feito para jovens. Como você tem lidado com essa segmentação?
Malhação não é um programa que tenha surgido agora, já são 16 anos de história aqui na casa. Lembro de quando estrearam e isso ajuda a entender o processo. A gente sabe que fala sobre jovens, é feito para eles e, por que não dizer, por eles. Brinco muito aqui que agora é a hora deles ralarem porque a gente já ralou demais. Nosso papel é mais de direcionar, de dar profundidade e peso aos assuntos discutidos.
E como é contracenar com tantos jovens e inexperientes juntos?
Sinceramente, acho o maior barato. Até porque a gente sabe que Malhação é uma bela porta de entrada na Globo e esses meninos amanhã podem ser do primeiro escalão da emissora. E essa convivência me faz lembrar de quando comecei, em 1988, fazendo Vida Nova, aqui na Globo. Eu enchia o saco do Osmar Prado, do Paulo José e do Antônio Petrin, tentava sempre trocar uma ideia e melhorar a cada cena.
Você interpreta um professor, atividade que já exerceu no início da sua carreira. Essa coincidência ajuda você na hora de dosar o didatismo de uma sala de aula?
Eu me formei professor, sim, mas exerci muito pouco. Mas é muito bom poder estudar para dar as aulas ali. Sim, porque sou daqueles atores que estudam em casa mesmo. E o mais bacana é que os assuntos mais recorrentes na história, como o alcoolismo, as drogas, a homofobia e a maioridade penal, passaram pelas aulas do Odilon.
Como tem sido o retorno de público? É diferente por ser um programa jovem?
Tenho saído muito pouco, mas o que me deixa feliz é ouvir da maioria das pessoas que conversam comigo que parece mesmo um professor dando aula. São debates que chamam atenção e têm um esquema mais descontraído. Tento sempre transformar em algo pertinente, interessante para quem está ali, atuando comigo, e também para quem assiste de casa.
O que você acha que faz com que as aulas do Odilon tenham essa característica?
A abordagem dos assuntos, na minha visão, está ganhando um tom mais profundo. Eu diria até mais adulto. Sim, porque sou pai de duas filhas adolescentes e o próprio jovem tem outro jeito de pensar hoje em dia. Eles adquiriram uma quantidade de informações que não deixa mais que se trate qualquer assunto com superficialidade. Se a ideia é falar de bebida alcoólica, tem de ser para valer. Assim como no caso da homofobia. Tenho certeza de que existe muito mais gente homofóbica do que se pensa. Talvez nem essas pessoas tenham ideia do tamanho do seu próprio preconceito.