Ator recorre à internet para entender 'Sansão e Dalila'
- Geraldo Bessa
Desde que começou a se preparar para viver o Héber de Sansão e Dalila, da Record, Claudio Gabriel se impressionou com o histórico de guerras da região do Oriente Médio, onde se passa a história bíblica. "Os conflitos na Faixa de Gaza se estendem por anos. Tudo em nome da intolerância", ressaltou. O ator usou a internet para pesquisar sobre a origem dessas batalhas, e trazer para a sua realidade o sofrimento, tanto dos povos que viveram lá no ano de 1100 a.C. - época em que a minissérie é ambientada - quanto atualmente. "Assisti algumas reportagens e documentários pelo YouTube. São coisas chocantes", avaliou.
Na trama, escrita por Gustavo Reiz e dirigida por João Camargo, Cláudio dá vida ao melhor amigo de Sansão, o homem mais forte dos hebreus que luta contra a dominação de seu povo pelos filisteus. Companheiro e compreensivo, Héber está sempre ao lado do guerreiro nos momentos difíceis. "Ele tem suas convicções religiosas, mas perdoa os erros do amigo. Quando tudo está dando errado para o Sansão, é ele quem está lá para consolar, mesmo com medo daquelas situações", brincou.
Sansão e Dalila é ambientada no ano de 1100 antes de Cristo. Como você buscou as referências para construir o personagem?
Todo o elenco participou de um workshop de preparação. A verdade é que, em se tratando daquela época, tudo é muito hipotético. Por isso, procurei identificar as ideias e símbolos desse personagem. O Héber tem uma relação muito forte com o Sansão, isso se sustenta porque um é o oposto do outro. Concentrei meu trabalho nas fraquezas do papel. Outra coisa que ajudou muito foi a cenografia e a direção de arte. Estar nos cenários era muito enriquecedor, assim como saber como eram, aproximadamente, os gestos e os costumes daquele povo.
Alguns estados do Nordeste e Sudeste foram usados como locações para a minissérie. Você teve alguma dificuldade durante essas externas?
Fiquei em contato direto com a natureza. A emissora buscou lugares que se assemelhassem ao Oriente Médio daquela época. Por isso, fui para Madre de Deus, em Minas Gerais, para gravar no maior trigal da América Latina. As imagens ficaram lindas. Já as cenas das andanças foram feitas na cidade de Natal. Ficamos alguns dias lá enfrentando tempestades de areia, muito sol e vento. Engraçado, o clima e as adversidades faziam com que a gente falasse menos.
Por se tratar de um texto bíblico, a questão religiosa influenciou o seu trabalho?
É claro que existe certa influência. Mas não quis ficar reafirmando essa religiosidade no personagem. É algo que já está nele, não precisa ser forçado. Trabalhei muito mais com a questão histórica e com a conduta que me foi passada pelo texto.
O Héber tem cenas muito divertidas. Você acha que o personagem é um ponto de humor dentro de um núcleo muito dramático?
Existe humor sim. Mas foi colocado de maneira muito sutil. É um papel muito emotivo. Ele sofre pelos amigos, pelas coisas que estão acontecendo com Sansão, mas não é nada caricato. E olha que isso poderia acontecer, já que ele demonstra fraqueza, fragilidades, é baixinho e vive ao lado de Sansão. Ele faz algumas piadas com a situação, mas é tudo nas entrelinhas.
Sua carreira é recheada de personagens cômicos, como o Severino de Laços de Família e o Nelson de Bela, A Feia. Você tem receio de ficar marcado como um ator de humor?
A televisão tende a limitar o ator ao tipo de personagem no qual ele funciona, mas minha proximidade com a comédia vem desde o início da minha carreira. Fiz muitos papéis engraçados na tevê e que foram bem sucedidos. Aproveitei essa fase para me firmar. Conseguia driblar isso no teatro e no cinema, onde fiz coisas mais séries e dramáticas. É uma forma de equilibrar as coisas. Adoro fazer humor, mas não quero ser considerado apenas aquele cara que só faz comédias.
Sansão e Dalila - Record - Terça e quarta, às 23h.
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