Ator diz que "trocou" gravidez da mulher por 'Sansão e Dalila'
- Gabriel Perline
- Rio de Janeiro
Ser ator é desfrutar de bônus e ônus. Em prol da arte, muitas vezes os profissionais deixam de lado algumas questões de suas vidas pessoais para se dedicarem com maior intensidade ao trabalho e levar ao público um produto de qualidade. Pelo menos é assim que pensa Fernando Pavão, protagonista da minissérie Sansão e Dalila, que estreia nesta terça-feira (4) na Record.
Para dar vida ao personagem bíblico Sansão, ele tem dedicado horas de seus dias aos estudos e às gravações, tudo para que o resultado do trabalho seja, como ele próprio se cobra, perfeito. E para que isso seja possível, ele teve que abrir mão de uma importante etapa de sua vida pessoal: acompanhar a gravidez de sua mulher, Maria Elisa Pacheco, diretora de elenco do reality show A Fazenda. "Minha mulher estava grávida, meu filho, Gabriel, nasceu no dia 3 de dezembro e eu pouco acompanhei o processo de gestação por causa desta jornada, porque esta era a minha jornada, eu decidi carregar isso da maneira mais digna possível", justifica o galã da minissérie.
Em entrevista ao Terra, realizada nos estúdios do Recnov, no Rio de Janeiro, o ator falou sobre os desafios de encarar seu primeiro protagonista em um trabalho na TV.
Você contou com a ajuda de dublê ou teve que gravar todas as cenas?
Eu não uso dublê para nada, faço todas as cenas de luta, todas essas caminhadas que você vai ver eu andando lá longe, não é dublê, sou eu andando e eu andei aquilo tudo. Então, é uma condição que me foi pedida e que eu estivesse preparado para fazer. Isso, por um lado, foi muito bom para mim, porque usei isso como estímulo. Eu falei: "eu tenho que fazer, eu tenho que cumprir esta jornada", era minha pessoa, era eu fazendo Sansão. Às vezes era meio difícil, mas eu tive que cumprir.
Em que momento você encontrou mais dificuldade para executar seu trabalho?
Gravar sob condições muito difíceis, como sol de 45 graus, num calor insuportável, muito vento com areia, noites mal dormidas, gravando de madrugada. Este tipo de dificuldade que eu digo que muitas vezes você tem que manter o equilíbrio e não deixar desvirtuar e se manter bem. É aí que eu digo que devo manter minha jornada, porque eu tenho um personagem para manter até o final e tenho que fazer ele da melhor maneira possível.
Mesmo estando envolvido com o personagem desde junho de 2010, você consegue fazer uma análise sobre ele sem colocar uma carga emocional pessoal?
Eu acho que estou muito dentro do personagem para enxergar ele de fora. Se eu for falar algo de Sansão, será algo muito pessoal que eu tenho, são as minhas emoções fazendo ele. O que eu posso te dizer é que ele é um cara que as pessoas vão se identificar muito com, porque os valores dele são muito bons. Mesmo dentre as maiores burradas que ele faz, dos exércitos que ele mata, as pessoas que ele acaba eliminando, na verdade ele é humano. Então não cabe aqui julgar se ele é certo ou se é errado. Eu procurei sempre olhar ele por esse lado, desmistificando essa coisa do herói, do mito. Isso está na narrativa da história, mas eu não poderia jamais definir ele dessa maneira.
Teve algum momento da história que você tenha se identificado?
Em muitos momentos. A família é a base dele e, paradoxalmente, ele sai desse núcleo familiar e é onde ele começa a se perder um pouco. Tem muitas cenas de emoção que formam um momento único do ator, onde o ator fala "eu conheço esse personagem e sei o que ele está sentindo". Aí é um momento muito particular, é difícil expressar.
Durante as gravações, qual foi a cena que mais lhe causou emoção?
O cortejo do corpo do Manoá (Roberto Frota), pai de Sansão. Era uma cena muito bonita, forte, e Manoá significava muito para Sansão. Foi uma cena muito difícil de fazer. Outra que deu trabalho foi no momento em que ele se depara com as traições de Ieda (Rafaela Mandelli). A fúria com que ele se depara com as traições é muito forte. Foram cenas muito legais e o resultado foi ótimo.
Você já atuou em novelas da Globo, SBT e Record, mas nenhum dos trabalhos anteriores foram tão expressivos como este. Como tem sido a demanda de trabalho?
Incomparável. Eu já fiz trabalhos na Record em que eu tinha um volume de gravações muito grande, mas esse é disparado o maior. Eu gravo seis dias por semana e às vezes 12 horas por dia. A gente tem o lado pessoal da vida, mas algumas pessoas não entendem. Minha mulher estava grávida, meu filho, Gabriel, nasceu no dia 3 de dezembro e eu pouco acompanhei o processo de gestação por causa desta jornada, porque esta era a minha jornada, eu decidi carregar isso da maneira mais digna possível.
E como você encarou a responsabilidade de segurar o posto de protagonista de um dos principais produtos da dramaturgia da Record em 2011?
Em nenhum momento eu penso nisso, eu penso em fazer meu trabalho da melhor maneira possível. Isso significa me dedicar ao máximo. Agora, com relação à responsabilidade, eu sei que o investimento da emissora em cima dessa minissérie é muito grande, ela representa, talvez, o aval para outras que virão. Mas eu, na hora do meu trabalho, não penso nisso. Penso em fazê-lo da melhor maneira possível, senão você foge, leva para outro lado e tem que saber separar muito bem as coisas.
Que mensagem você quer que o público extraia desta minissérie e de seu personagem?
Eu acho que a principal coisa que as pessoas vão se identificar, tem uma palavra que sempre esteve presente nesse processo todo, até agora, que foi a palavra "fé", que está em todas as rodas da equipe de atores e diretores. Acho que isso a gente não pode perder em situação nenhuma. Muitas vezes a gente vai encontrar a nossa força, assim como Sansão, na fé, seja ela no que for, mas na fé.
