Após viver hippie, Letícia Colin encarna patricinha em novela
- Mariana Trigo
Letícia Colin vibrou quando soube que iria interpretar a patricinha Juliana, em Vidas em Jogo, na Record. Afinal o papel era contrastante com o último trabalho da atriz, uma temporada do musical Hair, que prega o amor livre, a liberdade de escolhas e de amarras sociais em uma história que se passa no final da década de 60 e mostra toda a contracultura hippie e a revolução sexual iniciada na época. Para a novela de Christianne Fridman, Letícia teve de compor uma menina requintada e muito rica, que se preocupa com grifes, viagens e joias, bem diferente de Jeanie, a "menina paz e amor" do musical. Ou mesmo de suas personagens anteriores na tevê, como a densa Ana, de A História de Ester, ou a sofrida Vivi, vítima de pedofilia em Chamas da Vida, também na Record. "Foi louco! Saí de um trabalho que pregava a falta de valores materiais para outro que gira em torno do poder e do dinheiro. Essa contradição me exorcizou rápido da outra personagem", avalia, com uma fala acelerada.
Concentrada e visivelmente madura aos 21 anos de idade, esta atriz paulista, nascida em Santo André, começou a pesquisar aos poucos para a composição de Juliana. Assistiu a filmes de meninas bem nascidas, como Factory Girl, que conta a história de Andy Warhol e sua musa inspiradora, a modelo e socialite Edie Sedgwick. Além disso, teve aulas de etiqueta para a personagem que é extremamente polida, fala baixo, é muito delicada, só usa roupas de tons rosados e vive lendo revistas de moda. "Acho interessante alguém que tenha esse olhar para o belo, para a estética. Passei a ver as coisas de outra forma. Fui até assistir a desfiles no Fashion Week por causa da Juliana. Mas que fique claro que a personagem não é fútil", defende.
Na trama, a personagem se divide entre as amigas, a faculdade, compras e o ofegante namoro com o alpinista social Raimundo, que vive inventando desculpas para se dar bem. Mesmo conhecendo a personalidade instável do namorado, vivido por Rômulo Arantes Neto, a personagem de Letícia continua apaixonada pelo grandalhão. "Eles se dão superbem. Estão numa fase ótima. Vivem se pegando em todos os lugares e ficam até cômicos porque começam a ser flagrados por isso. É um casal gostoso, bom de se ver", ressalta.
O que também tem sido prazeroso na vida da atriz é morar sozinha pela primeira vez. Depois de 10 anos vivendo com a mãe no Rio de Janeiro, finalmente Letícia comemora sua independência, que coincide com novos projetos na carreira. Depois de abandonar a faculdade de Jornalismo no quarto período, a atriz cursa Teoria Teatral na universidade UniRio. Nas horas vagas, se dedica à música, uma de suas paixões. Afinal, descobriu seu dom para o canto nas gravações de Floribella, na Band, em 2005. "Tenho esse instrumento vocal, sou afinada e penso em retomar as aulas de canto", admite a atriz.
Para não se distanciar da música, Letícia tem aprendido a tocar acordeão e compõe as canções para uma banda de amigos, a Lótus. "Estou descobrindo este instrumento, que acho lindo, circense", derrete-se a atriz que, para também cuidar do corpo e se energizar para o trabalho, costuma praticar ioga bem cedinho, assim que acorda. "Com Hair comecei a levantar às sete e pouco da manhã. Cada trabalho me impõe uma rotina diferente. Sugo um pouco de cada uma delas que vou vivendo", explica.