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Al Pacino revela a complexidade de seus personagens

Um ator menos dotado poderia ter feito de Michael Corleone uma caricatura

21 fev 2020 - 06h10
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Alfredo James Pacino interessou-se cedo pela arte da interpretação e foi aluno de Lee Strasberg no Actor's Studio. Dessa forma, Al Pacino passou pelo Método, derivação norte-americana do sistema Stanislavski de formação de atores. Os efeitos do Método podem ser vistos na obra que revelou Al Pacino ao grande público e o consagrou como ator - a trilogia de O Poderoso Chefão, dirigida por Francis Ford Coppola.

Na primeiro episódio, Pacino ainda sente a sombra de um gigante - Marlon Brando, que interpreta o capo Vito Corleone. Fragilizado por um atentado a bala, Don Vito logo sai de cena. E seu filho, Michael (Pacino), assume o comando da famiglia. Seguirá assim no Chefão 2 e conduzirá seu personagem a uma trágica decadência no Chefão 3.

Ele leva seu personagem com sentido de grandeza interiorizada, até mesmo em seus desafios mais profundos. O maior deles: o crime cometido contra a própria família ao ordenar o assassinato de um irmão. O terceiro episódio é o da expiação da culpa. E da punição, com a perda do poder, a chegada da velhice e, acima de tudo, a morte da filha.

Um ator menos dotado poderia ter feito de Michael Corleone uma caricatura. Pacino dá-lhe todo o matiz de um ser humano impulsionado pela ambição do poder, um criminoso que tenta se redimir, um ser culpado que não encontra outro conforto senão o sofrimento da decadência. Não precisamos nos identificar com ele. Mas Michael, por meio de Pacino, nos abre uma via de compreensão para alguém que é radicalmente diferente de nós - ou assim o julgamos.

Não foi essa obra-prima que deu a Pacino seu Oscar de melhor ator e sim o papel em Perfume de Mulher. Fez também trabalhos marcantes como gângster no sangrento remake de Scarface e em O Pagamento Final, ambos dirigidos por Brian de Palma. Em todos esses papéis, e em muitos outros que sua longa carreira lhe reservou, Pacino deixou sua marca indelével. Os personagens crescem com ele, suas ambiguidades são expostas e tanto a grandeza quanto a fragilidade humanas emergem. É um prazer vê-lo representar.

Estadão
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