Regina Duarte lembra cargo no governo Bolsonaro e critica comportamento do público: 'Fui defenestrada'
A atriz deixou a TV Globo em 2020, para assumir a Secretaria Especial de Cultura
Regina Duarte relembrou em entrevista sua saída da Globo para assumir a Secretaria Especial de Cultura no governo Bolsonaro, lamentou as críticas recebidas e revisitou o episódio de censura à 'Roque Santero' na Ditadura Militar, reforçando sua defesa pela liberdade artística.
"A volta da filha pródiga." Foi assim que Pedro Bial anunciou a presença de Regina Duarte em seu talk show, exibida nesta segunda-feira, 21. Isso porque a atriz teve uma saída polêmica da emissora, ao rescindir o contrato para assumir um cargo no governo Jair Bolsonaro (PL) em 2020.
Ao jornalista, a artista reviveu as críticas que recebeu pela decisão e lembrou a relação com a Ditadura Militar e a censura durante as gravações de Roque Santero, nos anos 1970.
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É a primeira vez que Regina Duarte aparece em um programa inédito da TV Globo desde que decidiu se engajar politicamente no governo de Jair Bolsonaro. Em 2020, ela decidiu rescindir o contrato com a emissora para se tornar Secretária Especial de Cultura, cargo que só ocupou por dois meses.
O movimento de retorno da imagem da atriz à emissora, no entanto, começou com o anúncio da reexibição de História de Amor (1995), no Vale a Pena Ver de Novo. Na trama, ela vive a protagonista Helena.
Mesmo na entrevista, o tema surgiu meio 'tímido' e foi tratado com a mesma intensidade. Ao ser perguntada sobre as críticas que sofreu ao apoiar Bolsonaro em meio a uma polarização política, Regina lamentou a postura do público.
“Fui defenestrada. Mas a sociedade já evoluiu, já aceita que posso fazer escolhas e não seguir o evangelho a, b ou c”, disse, sem citar nomes.
Regina ainda relembrou a censura que sofreu ao gravar a primeira versão de Roque Santeiro, em meio à Ditadura Militar, período que já foi elogiado por Bolsonaro.
Ao lado da jornalista Laura Mattos, autora do livro Herói Mutilado, sobre a obra O Berço do Herói, de Dias Gomes, que deu origem a novela, a atriz revisitou a história.
Em 1975, o folhetim foi proibido de ir ao ar pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do governo federal. Na época, os atores já tinham gravado mais de 30 capítulos e aguardavam a estreia, quando foram surpreendidos com a decisão.
A novela, que apresentou a histriônica Viúva Porcina ao público só estreou mesmo dez anos depois, com cortes.
Em entrevista a Bial, Regina lamentou o episódio. "A censura é prejudicial para a arte. Cada um que escolha o que quer seguir, o que quer louvar", comentou.
A trajetória de Regina Duarte na Globo foi marcada por personagens memoráveis, como Roque Santeiro (1985) e Vale Tudo (1988). A atriz ainda virou "Helena" de Manoel Carlos em três produções: História de Amor (1995), Por Amor (1997) e Páginas da Vida (2007).