Rock de mina: Conheça a The Mönic, banda feminina que tocará no The Town
Dani Buarque, Ale Labelle, Daniely Simões e Joan Bedin chegam com tudo para o primeiro fim de semana do festival
"Pode me derrubar, nunca nocaute": é assim que se encerra Cuidado Você, da banda The Mönic. O quarteto formado exclusivamente por mulheres já esteve no Rock in Rio e agora se apresenta no primeiro fim de semana do The Town, em São Paulo.
A banda é composta por Dani Buarque, Ale Labelle, Joan Bedin e Daniely Simões, que mostram que a cena do Brasil tem muito espaço para um universo único e com a sonoridade que só o rock oferece. Elas estarão no The Town no domingo, 7, às 13h, no Palco Factory, junto de Raidol.
Dani Buarque, vocalista da banda, conta ao Estadão que a ideia de dividir um palco vem de uma pluralidade do cenário musical brasileiro: "Quisemos incluir alguém de outro estilo também para trazer um pouco mais da diversidade cultural que tem no Brasil. A gente é uma banda de rock, mas também é um monte de coisa, um monte de influências misturadas."
Além da mudança de estilo no The Town, a banda tem participações variadas em gêneros como funk, na música Bitch Eu Sou Incrível, junto de MC Taya, por exemplo. Para as integrantes, essa mistura é essencial: "Nós somos uma banda que ouve de tudo. Esse negócio de que se você é rock, só gosta de rock, vem muito de um lugar ilusório."
Outros destaques são o single Pressa, com a banda brasiliense Lupa, e A Fragilidade de Ser Um Machão, com a Meu Funeral.
Ale Labelle, guitarrista da banda, chama o público para o show que farão no festival: "Chaguem cedo! A gente toca durante a tarde, mas vamos compensar com um showzão para abrir os trabalhos, para já começar com a energia lá em cima!"
'Cuidado Você' e o rock nacional
Para quem curte rock, muitas das referências vêm de bandas e grupos internacionais. Dentro da The Mönic não é diferente. Entretanto, em Cuidado Você, o grupo priorizou as letras em português nas 11 faixas que compõem o álbum, com exceção de Walk All Over Me.
Sobre o processo em "virar a chave" para o português, Dani esclarece que "foi um processo natural" que bateu depois de um "amadurecimento musical e pessoal da banda.
"Quando a gente colocou o Cuidado Você no Mundo, a gente fez um álbum visual. O conceito do disco era sobre a vivência humana, desde as coisas mais hedonistas e supérfluas, até a gente chegar no questionamento, ´de poder se questionar sobre as escolhas. E fechamos com Kamikaze, que é o single que amarra toda essa história", explica a vocalista.
Mais do que beber de referências brasileiras, as integrantes afirmam que a cena chama para outras discussões.
"Nunca pensamos algo do tipo: 'Vamos ter uma banda só de mulheres, mas era um cansaço da cena, porque eu acho que antes de termos uma banda, a gente ocupa esse lugar [como público]. A gente nunca deixou de apoiar as bandas que a gente gostava de homens, mas a gente sempre questionou esses lugares em que entramos."
"O rock não tem só um tipo de pessoa. Cadê as mulheres? Os pretos? As monas? Precisamos levantar essas bandeiras. Não podemos esquecer das coisas pelo que a gente acredita", complementa.
Animada, Dani completa que fazer música é sobre paixão: "Se você é mina e tá muito na cabeça de: 'Ah, eu queria tocar, mas eu não acho um grupo'. Só vai! Vai tocando, junta a tua turma, não se desanime por comentários, por medo. A gente só vive uma vez e a gente tem que fazer o que a gente ama. Nunca é tarde."
*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais