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Rock in Rio mostra que artistas 'made in Spotify' precisam crescer

Ao absorver líderes de charts que ainda não passaram pela experiência dos palcos, muitos palcos, festival tem carência de atrações que saibam colocar a plateia nas mãos sem superpovoar os espaços com bailarinos

4 set 2022 - 20h05
(atualizado às 21h32)
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Luisa Sonza e Marina Sena fizeram um encontro de duas forças no Rock in Rio. São nomes recentes e de voos rápidos desde que surgiram - Luisa antes, Marina depois - no universo das artistas do neo pop. É interessante vê-las, com cada música que cantam na ponta da língua de uma imensa plateia suportando a chuva fria. Luisa teve Marina durante uma parte do show, mas a noite era dela, e talvez essa tenha sido sua maior exposição para além de seus ambientes seguros e dos muitos shows que faz para seus fãs. A transmissão da Globo a levou para muita gente, pela primeira vez.

Luisa, 24 anos, fez o show com pressão de banda e coreografias de força. Cantou hits antigos, como Sentadona, e novos, como Cachorrinhas. Sena desafinou bem em alguns momentos e mostrou fragilidade. Mas era o teste de fogo de Luisa, sua primeira aparição exibida ao vivo, e, na aura do palco, era quase possível ver a rede de proteção para sustentá-la. Tecnicamente, ela está em maturação, assim como Marina Sena, e o impacto de seu show é produzido mais pelo entorno (luz, coreografias e banda de peso) do que por sua capacidade de colocar a plateia na palma das mãos.

Iza, mais velha, 32 anos, tem um pouco mais de estrada e uma voz sólida e bem maior. Ela chegou com uma das três músicas do EP novo, Droga, e todos os seus hits, como Sem Filtro, e Meu Talismã, cantada com uma plateia iluminando tudo com celulares. Um feito foi em Woman no Cry, em que cantou e tocou piano. Incrível. Iza é uma artista; Luisa, um ídolo, e a diferença entre as duas está em algo que os norte-americanos chamam de star system.

'Spotifização'. Ao absorver fenômenos do Spotify para seus palcos imensos, o Rock in Rio colabora para um processo perigoso, em que jovens pulam quase que diretamente das plataformas para os festivais. Quando o ídolo de milhões de seguidores se converte em artista de palco, é uma maravilha e todo mundo ganha. Quando não, é preciso enchê-lo de aparatos para diluir o trabalho que o tempo ainda não teve tempo de fazer. Luisa Sonza, um ídolo que pode se tornar uma artista, é só um exemplo, mas muita gente que passou por ali nesses três dias de festival carece de maturação.

Um sinal pode ser o superpovoamento dos palcos, e esse Rock in Rio tem sido recordista em número de bailarinos, bailarinas e bandas grandes. Como ensinou Madonna nos anos 90, e Beyoncé nos 2000, palco povoado precisa de discurso, de história pra contar. Se isso não existe, fica claro que os corpos estão ali para se sobrepor a algo que a música não conseguiria fazer sozinha.

Estadão
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