Paula Fernandes: 'A sensualidade está ligada à libertação'
Na coletiva do novo EP, 'Qual Amor Te Faz Feliz?', Paula Fernandes fala sobre nova fase - na música e na vida pessoal -, o direito de pessoas LGBTQIA+ ao amor e provoca o mercado de música sertaneja: 'contratem mais mulheres!'
O sertanejo por elas
Em 2009, quando Paula Fernandes emplacou o primeiro hit nacional, Pássaro de Fogo, aos 24 anos (ela começou a cantar aos 9), era a única representante feminina do sertanejo entre as mais tocadas nas rádios. "Entrei num mercado dominado por duplas masculinas, num sistema todo preparado para homens", diz.
Apesar dos avanços, diz que o cenário ainda é desfavorável às mulheres - facilmente perceptível no line up das maiores festas do gênero no país. "Sinto falta de ver uns rostinhos femininos pelos outdoors de shows que vejo por aí. É só aquela fileeeira de homem" E provoca: "Aviso aos empresários: contratem mais mulheres!".
Para ela, a dificuldade de renovação é reflexo cultural do próprio gênero. "O sertanejo, por si só, já teve uma penetração difícil em outros estados. E, como era predominantemente masculino, foi ainda mais difícil para nós". Sentia-se estranha por ser uma voz única, artista solo, em um gênero consagrado por duplas - Leonardo e Daniel, por exemplo, passaram a cantar solo após a morte de seus companheiros, Leandro e João Paulo, assim como aconteceu com algumas duplas caipiras.
Quando surgiu, o sertanejo universitário dominava as paradas. Com canções românticas e bucólicas, Paula era um fenômeno fora da curva.
Desde então, vem lidando com a fama como pode. Do melhor jeito possível, claro. No fim da coletiva, revela arrepender por ter se calado enquanto especulavam sobre sua vida: "Se eu tivesse rede social naquela época, não teria me calado para críticas e fake news. Teria coragem de olhar pra câmera e dizer 'eu não sou essa pessoa".
E como é Paula Fernandes? "Eu sou discreta, introspectiva. Como pelas beiradas, como todo mineiro", diz. Nessa nova era, parece querer tomar as rédeas da própria imagem.