Pato Fu volta dançante com CD para "lembrar de onde veio"
Décimo da carreira da banda mineira, 'Não Pare Pra Pensar' contrasta com os trabalhos mais leves que o Pato Fu lançou nos últimos anos
Lá se foram sete anos desde que o Pato Fu lançou um disco de inéditas. Agora, Daqui Pro Futuro finalmente ganhou seu sucessor, o disco Não Pare Pra Pensar, que não só coroa a volta da banda ao estúdio, como resgata uma veia mais dançante dos mineiros, que parecem nunca sair da estrada, tamanha a demanda de shows com seus projetos paralelos. Entre eles, está a carreira solo da vocalista Fernanda Takai e o projeto Música de Brinquedo, sucesso absoluto entre o público infantil.
“A gente resolveu fazer um CD tipicamente ‘patofuniano’, com os elementos que a gente sempre usou”, explicou John Ulhoa em entrevista ao Terra. De Belo Horizonte, de onde saiu Não Pare Pra Pensar, o guitarrista descreveu qual foi a intenção por trás do novo álbum, que mistura rock, pop e até disco music. O trabalho ainda traz outra marca forte do Pato Fu: a juventude.
Ao longo dos mais de 20 anos de carreira, eles só demarcaram mais seu espaço e mostraram que souberam se manter com disposição e criatividade de sobra. Aliás, uma das músicas do novo CD, You Have To Outgrow Rock’n’Roll, fala sobre como não existe idade para fazer o que se ama. E cá está o Pato Fu de novo, provando isso em forma de música.
Esse é um dos CDs mais dançantes do Pato Fu. Como foi “virar essa chave”, vindo de projetos musicais mais leves, com o Música de Brinquedo?
É verdade, o nosso disco anterior era mais contemplativo, mais leve mesmo. Depois disso a gente fez o Música de Brinquedo, tanto em estúdio quanto ao vivo, o que também é mais suave. Eu acho que a gente resolveu fazer esse disco assim pra lembrar as pessoas que talvez tivessem esquecido de onde veio o Pato Fu. Até para os fãs novos também, porque a gente percebeu que ganhou admiradores de todos os lados, gente que conheceu o Pato Fu por causa do Música de Brinquedo, ou da carreira solo da Fernanda. Então a gente resolveu fazer um CD tipicamente "patofuniano", com os elementos que a gente sempre usou. Músicas com dois idiomas, eu canto duas músicas, coisas que eu fazia mais nos outros discos.
Vocês já sabiam exatamente como ele deveria soar?
A gente já tinha esse conceito básico de não fazer disco com baladas, com uns arranjos muito musculosos. A ideia era fazer uma guitarra mais anos 70, com refrões bem fortes, batidas bem dançantes, mas com o teclado de outro universo. Riff de guitarra de rock, mas teclado de disco music. Isso faz um molho agridoce, com raíz forte, sei lá (risos). Ficou interessante, meio cozinha contemporânea. (Risos)
Nesses sete anos sem um disco, como foi a cobrança dos fãs?
Foi uma cobrança light, a maioria das pessoas diziam que estavam com saudade "daquele show de verdade" do Pato Fu, porque a gente faz muito show do Música de Brinquedo. Ao mesmo tempo que existe uma outra cobrança pra fazer o Música de Brinquedo 2.
Bem lembrado. E quando vem o segundo Música de Brinquedo?
(Risos) As pessoas e querem o 2! Mas agora não é a hora, porque se não a gente virar uma espécie de franchise da gente mesmo, e as pessoas iam esquecer de onde veio o Música de Brinquedo, porque acho que parte da graça do projeto é que não é um bando de músicos qualquer ou uma pessoa em carreira solo.
No encarte do CD, cada música ganhou uma ilustração assinada pelo Marcos Malafaia, diretor do Giramundo. Como ele criou essa identidade pro disco?
O Malafaia é um sujeito muito talentoso. É um cara que tá muito perto da gente. E a gente queria uma coisa gráfica, as ilustrações mesmo. O que a gente fez foi pegar as músicas e passar pra ele. Aí ele ouvia e ia desenhando loucamente, tendo um milhões de ideias. Você pode perceber que os desenhos têm uma quantidade enorme de detalhes. Foi saindo aquele monte de coisa, então nossa missão era mais de filtrar mesmo. (Risos) Ele é um cara que entende a banda, então a gente tem uma sintonia muito boa.
Vídeo: site oficial
Já pensaram em colocar essas criações em um vídeo?
Sim! A gente teria que tentar fazer alguma coisa na mesma linha sim. Seria um desperdício se não fizermos. A gente tem vontade de fazer clipe de todas as músicas do disco, já fizemos isso, aliás. Mas não dá, né? (Risos) A gente adora clipe. Tem gente que acha clipe só uma peça de marketing, mas eu considero um braço artístico nosso.
Vocês já gravaram dois clipes desse disco, um deles é o de You Have To Outgrow Rock’n’Roll, que lembra um minidocumentário de skate, com você e seus amigos. É engraçado a letra dizer que precisamos todos crescer, ao mesmo tempo em que não podemos abandonar nossas paixões de adolescente...
Quando a gente pensou em fazer esse clipe, eu lembrei dos meus amigos, com quem eu andava de skate e que hoje tão na faixa dos 50 anos de idade. Ficou um casamento perfeito. E até o próprio nome do disco já diz isso, sabe? "Você tem 50 anos idade, mas vai andar de skate", tem que fazer as coisas que você gosta. É engraçado, porque as pessoas já começaram a parecer que estavam muito velhas pro rock há bastante tempo, né? (risos). A gente começou a ver os primeiros os caras grisalhos e carecas do rock, o que parece estranho, porque não combina. Devia ser proibido isso (risos). Mas o skate é diferente. Quando teve aquele fenômeno do skate nos anos 80, e até nos anos 70, que foi quando eu comecei a andar, esses caras tão voltando a andar. São os “tiozinhos do skate”. Rola um respeito, é interessante como é mais uma coisa que a gente descobriu que não precisa deixar de fazer.
A gente queria que fosse quase um documentário dessa geração, tanto que eu dou os nomes e idades dos meus amigos, mas a gente queria que fosse família também. A Fernanda até tomou um tombo espetacular lá, o tombo mais legal do clipe é dela. Mas ela se saiu bem, não se machucou. Todo mundo tomou tombo, mas o dela superou todos. (Risos)
O novo CD também traz uma participação do Ritchie, que já tinha feito uma parceria com a Fernanda em carreira solo. O que vocês quiseram trazer de sonoridade com ele?
Além do sucesso que o Ritchie fez nos anos 80, ele tem um disco razoavelmente recente que são versões de músicas meio lado B do folk inglês, que é um negócio muito legal e tem a ver com esse som que a gente gravou. Ele tem uma pegada pop rock folk que é rara no Brasil. Eu acho ele um artista muito pitoresco, a gente achou que ficaria o maior barato.
Vocês também passaram por uma mudança importante, que foi a saída do Xande (Tamietti, baterista da banda desde os anos 90) e a chegada do Glauco Nastacia. O que mudou na dinâmica de vocês?
O Xande chegou a gravar a versão que a gente fez de Mesmo Que Seja Eu (de Eramos Carlos, único cover do álbum). Mas antes do início do disco, o Xande resolveu que não ia participar mais, pra fazer as coisas dele, então a gente já começou a gravar o disco com o Glauco. Eles dois são bateristas de referência no pop rock, espetaculares, prodígios. O Xande gosta muito de black music, de jazz, e tende a fazer coisas mais complexas, o Glauco, a pegada dele é mais rock. Nesse disco, particularmente, tinha tudo a ver.
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