No auge, Deftones faz show com Cypress Hill mas sem surpresa
- Renato Beolchi
- Direto de São Paulo
Seria errado dizer que as apresentações de Cypress Hill e Deftones na noite desta segunda(04) em São Paulo foram frustrantes. Mesmo assim, ficou uma ponta de lamento. Era tido como certo que as duas bandas brindariam o público com uma parceria ao vivo no palco do Credicard Hall. A mistura não veio, e o público, que não chegou perto de lotar a casa, teve que se contentar com shows distintos.
» Ouça Cypres Hill grátis no Sonora
O anúncio, em janeiro, do show dos rappers do Cypress Hill ao lado dos roqueiros do Deftones logo chamou a atenção. Acostumado a gravar com bandas pesadas, o ícone do hip hop americano dava indícios de que a apresentação guardaria surpresas para os fãs. O próprio Sen Dog, um dos líderes do grupo, deu pistas sobre isso em entrevistas. Mais recentemente, B-Real, o outro vocalista, desconversou.
Prevaleceu a palavra de B-Real. Mas não chegou a comprometer a noite. Mérito, principalmente, do Deftones. A banda liderada pelo vocalista Chino Moreno encontrou seu apogeu no que se refere a shows. Enérgicos, pesados, melódicos, e carismáticos, os integrantes fizeram, nesta noite, sua melhor apresentação no Brasil. Esta foi a quarta passagem do Deftones pelo País que já esteve aqui em 2001, 2007 e 2009.
Deftones
O Deftones, formado na Califórnia no início da década de 90, fez uma apresentação, a rigor, muito parecida com a do Lollapalooza que aconteceu em Santiago no Chile no último fim de semana. A exceção foi a faixa Bloody Cape, do quarto álbum do grupo, incluída no meio da apresentação.
A apresentação começou tarde, às 23h40, com a trinca Diamond Eyes, faixa-título do último lançamento do grupo, Rocket Skates e Birthmark. Mesmo tendo um disco novo para apresentar, a escolha do repertório é impecável. A turnê atual do Deftones dosa bem todas as fases do grupo.
Mas a grande surpresa é mesmo a performance de Chino Moreno. Outrora mais comedido, o vocalista parece ter encontrado seu lugar no palco e conduz a banda ao seu apogeu musical. Canta sempre perto do público e consegue reproduzir ao vivo todas as variações vocais que são marca registrada dos discos.
Superando o acidente
Stephen Carpenter (guitarra), Abe Cunningham (bateria) e Frank Delgado (samplers) aparentam uma coesão musical que desmonstra que a banda parece ter superado a perda do baixista Cheng Chi - que deixou a banda após sofrer um gravíssimo acidente de automóvel no final de 2008 e hoje permanece em um estado semivegetativo. Sergio Vega, o novo baixista, completa o grupo.
Mas superar o acidente não significa esquece-lo. Tanto que em um dos diversos momentos em que Moreno conversou com o público, homenageou o amigo ai receber de um fã uma camiseta com a foto de Chi estilizida. "Ele é meu irmão e eu agradeço de coração todas as orações de vocês", disse.
Público
O Credicard Hall não chegou nem perto de ficar lotado na noite desta segunda. A pista vip, na frente do palco, tinha imensos espaços vazios. Sorte dos fãs que contaram com espaços maiores para as rodas de pogo. Ainda assim, político, Moreno agradeceu a quem foi. "Está lindo", elogiou.
Cypress Hill
O primeiro a subir foi o Cypress Hill, pouco depois das 21h30. Durante cerca de 90 minutos, os rappers Sen Dog e B-Real suaram para manter o público na mão. A dupla lançou mão do carisma para compensar a falta de uma banda fazendo as bases ao vivo. Com todas as principais bases gravadas, a parte musical da performance perdeu força.
Coube então à dupla segurar o público. E isso eles sabem fazer. Com um disco fresquinho nas prateleiras, Rise Up, o Cypress Hill abriu a noite com a trinca Get 'Em Up, Hand on the Pump e When The Shit Goes Down.
Despejaram clássicos dos anos 90 como Insane In The Brain, e quando parecia que a plateia ficaria distraída, emendaram uma seqüência de músicas com sotaque latino como Tequila Sunrise, e Armada Latina do álbum novo.
Maconha
A penúltima cartada do Cypress Hill foi uma arma que eles usam regularmente: apologia à maconha. As luzes do palco ficam todas verdes e B-Real acende um cigarro com a droga. Vai começar o chamado "weed medley", a mistura de músicas monotemáticas como I Wanna Get High, Stoned Is The Way Of The Walk, Hits From The Bong e Dr. Greenthumb. É a senha para que no público brotem livremente cigarros de maconha.
Já na segunda metade da apresentação, o Cypress Hill exagerou. Um solo com o DJ do grupo e do percussionista dispersou o público. Demorou para que B-Real e Sen Dog retomassem as rédeas do show. E, por se tratar de um show com um banda pesada, a cartada final foi apelar às guitarras. O anúncio de Rise Up, faixa composta em parceria com o guitarrista Tom Morello, do Rage Against The Machine, era o que faltava.
Confira o setlist completo do Deftones:
Diamond Eyes
Rocket Skates
Birthmark
Engine No. 9
Be Quiet and Drive (Far Away)
My Own Summer (Shove It)
Around the Fur
Digital Bath
Knife Prty
Hexagram
Minerva
Bloody Cape
You've Seen The Butcher
Sextape
Risk
Change (In the House of Flies)
Elite
Passenger
Back To School (Mini Maggit)
Bis:
Root
Nosebleed
7 Words