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Mick Jagger ataca Paul McCartney: 'Beatles não existem mais'

Em uma surpreendente resposta à frase de Paul, de que os Beatles eram melhores do que os Rolling Stones, o vocalista de 76 anos delimita um território delicado aos dois grupos

24 abr 2020 - 18h46
(atualizado às 18h51)
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Mick Jagger chegou como uma voadora de dois pés no peito de Paul McCartney na rusga talvez mais séria em muitos anos entre os dois Mamutes do rock mundial. Mick respondeu nessa sexta-feira, 24, a um comentário recente de Paul quando respondia à pergunta "afinal, quem foi o melhor? Beatles ou Stones?" Paul disse que os Beatles e pode ter se perdido um pouco na justificativa de sua resposta. Ou não, dependendo do ponto de vista. Ele disse uma verdade: "A raiz deles (dos Stones) é o blues, enquanto os Beatles tinham "um pouco mais de influências." Mas uma verdade que pode ser facilmente interpretada como arrogância ou desmerecimento ao sagrado blues, que também deu tantas alegrias e sedimentou uma das pistas sonoras aos Beatles. O pior foi a parte de acusação de cópia, a pior ofensa no meio artístico: "tudo que fazíamos, os Stones meio que faziam igual logo em seguida."

Mick Jagger posa para fotos no tapete vermelho do filme "The Burnt Orange Heresy"
07/09/2019
REUTERS/Piroschka van de Wouw
Mick Jagger posa para fotos no tapete vermelho do filme "The Burnt Orange Heresy" 07/09/2019 REUTERS/Piroschka van de Wouw
Foto: Reuters

Mick Jagger falou em entrevista à Apple Music (via NME) - nada a ver com a Apple dos Beatles - para promover o novo single 'Living in a Ghost Town', a primeira faixa inédita dos Stones em oito anos. O roqueiro primeiro amenizou dizendo que nunca houve competição, mas subiu dois tons na mesma sentença.

"Isso é tão engraçado. Ele (Paul) é um querido. Obviamente não há uma competição. A grande diferença, falando sério, é que os Rolling Stones são uma grande banda de shows desde outras décadas enquanto os Beatles nunca sequer fizeram uma turnê de arenas, um Madison Square Garden com um sistema de som decente. Eles acabaram antes de o negócio começar, o verdadeiro negócio das turnês."

Mais do que picuinha de compadres, as desavenças delimitam pela primeira vez pelos próprios personagens da história, e só depois de 50 anos do fim dos Beatles, o calcanhar de Aquiles dos dois grupos. Assim como Paul dizendo que os Beatles tinham mais informações musicais do que o blues (talvez fosse educado dizer entre alguma palavra e outra a frase "com todo respeito ao blues" e também lembrar o quanto dessas informações lhes chegaram via George Martin), Mick Jagger tocou na ferida. Os Beatles pararam de aparecer em público depois do show de 29 de agosto de 1966, no estádio Candlestick Park, em São Francisco (EUA), quando sentiram que sequer precisavam mais tocar. Diante de suas imagens, as garotas gritavam e desmaiavam em um frenesi descontrolado que impedia que os músicos se ouvissem no palco.

Mick segue falando e cita outro show, o do Shea Stadium, em Nova York, onde os Beatles se apresentaram em 1965 e em 1966. "Esse negócio (os shows) começou em 1969 e os Beatles nunca tiveram essa experiência. Eles fizeram um baita show, e eu estava lá, no Shea Stadium. Eles fizeram aquele show em estádio. Mas os Stones seguiram em frente. Nós começamos a fazer shows em estádios nos anos 70 e ainda fazemos agora. Essa é a verdadeira grande diferença entre essas duas bandas. Uma banda é inacreditavelmente sortuda ainda tocando em estádios e a outra banda não existe mais." Como debater Beatles e Stones é tão conclusivo quanto discutir Alcorão e Torá, o assunto não tem fim, mas Mick Jagger e Paul McCartney acabaram de reacender uma pira adormecida.

Estadão
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