Guilherme Arantes na Variant: 'O piano brasileiro morreu'
Artista diz 2019 foi um ano crítico; que ele não representa nada em um mundo que passou a viver por representação e que a música popular brasileira parou de produzir grandes pianistas
Guilherme Arantes, o segundo passageiro da série 'Na Variant', falou sobre sua carreira enquanto passeou com o jornalista Julio Maria pelas ruas do Ibirapuera. Seu balanço pessoal sobre 2019 não é otimista. "Foi um ano crítico, de crise. Eu estive em rebeldia, com ódio do piano", ele fala, e explica mais na gravação. "O mundo está vivendo por representação, e eu não represento nada." Em tom de desabafo, diz que desmontou seu estúdio na Bahia que manteve por anos, o Coaxo do Sapo. "Se eu for cruel comigo, como um crítico, eu diria que esse Guilherme Arantes não fez nada." Sobre seu instrumento, o piano, diz: "Morreu o piano brasileiro. Nós temos uma escola que vinha de Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, uma linhagem de Tom Jobim, Johnny Alf, Taiguara, Ivan Lins, Wagner Tiso... E hoje? Ninguém mais toca piano."
Chamado por muitos de o "Elton John brasileiro", Guilherme se diz um fã do pianista inglês, mas diz que não acredita que Bernie Taupin, o parceiros de Elton em todas as letras, seja mesmo o melhor tradutor da alma do pianista. "Sempre foi (uma parceria) muito profissional. Sinto ele muito solitário." Ao final, Guilherme cantou, de Elton, um trecho de Rocket Man.