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Espólio de Michael Jackson vive um novo renascer

O legado musical de Michael Jackson nunca desapareceu, mas vive agora uma espécie de regresso

3 ago 2021 - 10h10
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Michael Jackson durante ensaio geral da turnê 'This Is It', em cena do filme de mesmo nome
Michael Jackson durante ensaio geral da turnê 'This Is It', em cena do filme de mesmo nome
Foto: Sony Pictures/ Divulgação / Estadão

BEVERLY HILLS, CALIFÓRNIA - O legado musical de Michael Jackson nunca desapareceu mas vive agora uma espécie de regresso.

Com uma série de vitórias na Justiça, colocando fim a uma crise legal, a estreia de um musical na Broadway e o retorno do espetáculo do Cirque du Soleil depois de uma longa pausa devido à pandemia, as atividades em torno de Jackson estão no auge 12 anos depois da morte do superastro do pop.

Até recentemente, o panorama era sombrio. O documentário da HBO, de 2019, Leaving Neverland retomou novamente acusações de abuso de menores.

As ações judiciais trazidas pelos dois homens que aparecem no documentário, que se pensava que tinham deixado o assunto para trás, reviveram graças a mudanças na lei. Uma decisão num recurso interposto pelo espólio envolvendo uma cobrança de impostos de 700 milhões de dólares tardava a chegar.

"Sempre fui otimista", disse John Branca, advogado da área de entretenimento que trabalhou com Jackson durante a fase dos seus maiores triunfos e agora trabalha como testamenteiro de sua propriedade, numa entrevista concedida à AP. "Michael inspirou o planeta e a sua música continua a fazer isso. Nunca houve dúvidas a respeito", disse ele.

O otimismo se justifica. Várias decisões judiciais se seguiram

A demanda de um dos que acusaram o cantor de abuso foi negada em outubro. A outra foi rejeitada em abril. Em maio, um erro verificado na ação fiscal reduziu drasticamente a conta a ser paga. De repente o espólio se encontra quase livre, depois de uma dezena de anos de disputas judiciais. Isso significa, disse John Branca, que nos próximos 18 meses talvez finalmente seja encerrado o processo de inventário que se transformará em um fundo para os três filhos de Jackson, que agora são adultos.

E os herdeiros podem retomar a ideia de voltar a apresentar Jackson para o mundo.

A primeira prioridade é a reativação do espetáculo do Cirque du Soleil, Michael Jackson: One, no Mandalay Bay Resort and Casino, em Las Vegas.

Sua estreia está marcada para 19 de agosto, depois da companhia parar suas atividades por um ano e meio devido ao coronavírus, a tempo de uma grande comemoração planejada para o dia de aniversário de Michael Jackson, em 29 de agosto.

O show da Broadway, MJ: The Musical", estreará depois, segundo os planos feitos.

Branca disse que a demora de mais de um ano, que ocorreu com todos os shows da Broadway, foi frustrante, mas que agora retomou seu entusiasmo com MJ: The Musical e compartilhou novos detalhes.

"Não é uma representação cronológica da vida de Michael", disse ele. "É mais impressionista, inspirada na vida dele e na sua música. Começa quando Michael se prepara para uma turnê e a MTV quer conseguir uma entrevista. Michael é muito tímido com a imprensa e, de modo muito lento, mas seguro, à medida que a relação se desenvolve, ele começa a falar sofre diferentes momentos da sua vida que depois são representados no espetáculo".

Lyn Nottage, que já recebeu dois prêmios Pulitzer, escreveu o roteiro do espetáculo. O vencedor do Tony, Cristopher Wheeldon, está a cargo da direção e da coreografia. E Myles Frost, um estreante na Broadway, interpretará Michael Jackson, depois que Ephraim Sykes se retirou para um filme. Os ensaios serão retomados em setembro, com pré-estreias previstas para dezembro.

Branca expressou orgulho da diversidade que esta produção trará para o palco.

"O elenco em sua maioria obviamente é negro, numa era em que isso é muito buscado na Broadway", disse Branca.

Deixando de lado os sucessos, Branca disse sentir uma amargura persistente no caso de Leaving Neverland, do diretor Dan Reed e falou sobre o que pensa da imprensa americana "que não tem tempo nem os meios para fazer uma investigação para descobrir ou que verdade e o que não é".

A última demanda judicial que persiste por parte do espólio é uma apresentada pelo mesmo contra a HBO por esse documentário.

"Fiquei indignado com a HBO e Dan Reed e ainda estou porque a questão é esta: você pode dizer o que quiser sobre uma pessoa que está morta; ela não está aqui para se proteger", afirmou ele.

Os dois homens que aparecem no documentário recorreram da rejeição do seus processos. A HBO defendeu o Leaving Neverland como uma peça válida e importante de jornalismo documental.

Ironicamente, a vitória obtida pelo espólio na ação fiscal em parte se deveu ao fato de que o juiz entendeu que o valor da imagem e semelhança de Jackson diminuiu gravemente pelas acusações que surgiram no momento da sua morte, apesar de ele ter sido absolvido em um processo de 2005 por abuso de menores.

Foi uma vitória para o espólio, com uma fatura muito menor do que calculava.

Sob a condução de Branca e John McClain, o espólio de Jackson gerou 2,5 milhões de dólares de receitas nos últimos 11 anos e Jackson continuou sendo a celebridade falecida com maiores receitas a cada ano desde que morreu de uma dose letal do anestésico propofol aos 50 anos de idade.

Mas Branca diz que a forma com que o legado musical do artista repercute através dos artistas mais modernos pode ser o seu legado mais impressionante.

"Kanye West, Drake, Beyoncé, Usher, Justin Timberlake, Justin Bieber, Ariana Grande, todos apontam para a importância de Michael", disse Branca. "Sua influência realmente é enorme."

Tradução de Terezinha Martino

Estadão
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