Dublê de Jim Morrison em show do The Doors divide fãs em SP
O show de São Paulo da turnê da banda Manzarek & Krieger of The Doors, que traz dois dos antigos integrantes da lendária banda americana The Doors, agradou quem esteve na noite deste sábado no Espaço Anchieta, em São Bernardo do Campo, mas com algumas ressalvas. Isso porque o vocalista da banda, Brett Scallions, que substitui o eterno ídolo Jim Morrison, morto de ataque cardíaco na banheira de seu apartamento em Paris, em 1971, dividiu os fãs da banda.
"Sinto um pouco de aflição com esse cara aí imitando o Jim Morrison", admitiu a estudante Danielle Zampolo, 21 anos, que esteve também nos outros dois shows que a banda fez no Brasil. "Especialmente neste show ele está exagerado na performance. Muito igual aos trejeitos do Jim. Tá aflitivo!", concluiu.
A "implicância" de Danielle com Brett não foi isolada, teve gente que até deixou de ir ao show por conta da ausência de Jim Morisson. "Eu aprendi a gostar de Doors por causa do meu irmão. De tanto ele escutar em casa, no carro, comecei a decorar as músicas e passei a adorar a banda", disse a estudante Lígia Monachinni, 16 anos. Ok, mas cadê seu irmão? "Pois é, ele não veio porque disse que o The Doors sem o Jim não é o The Doors. Ele foi a um dos shows que a banda fez aqui e disse que bastou, não precisava repetir".
A polêmica, contudo, se reflete até mesmo na família. Verônica Monachinni, irmã gêmea de Lígia - e consequentemente do irmão mais velho que não admite a ausência de Jim no grupo ¿ entende, contudo, que a banda não depende do principal astro. "Se você for pensar na música do Doors, o Ray (Manzarek) é mais representativo que o Jim. E este está aqui!", vibrou a menina, eufórica por ver os ídolos tão de perto.
A banda por sua vez mostrava-se bastante à vontade no palco, com longas pausas preenchidas por reuniões internas do grupo em cima do palco, repetidos goles em garrafas distribuídas pelo palco e algumas tentativas de diálogo com o público. E, aparentemente ciente da dependência que a banda tem do grande astro, o vocal Brett Scallions gritou, ao microfone, um "Viva São Paulo", seguido de um "Viva Jim Morisson", levando o público ao delírio.
"Ele é um fã do The Doors como todo mundo aqui, muito bom!", disse Diego Sartorato, jornalista de 23 anos, aprovando o novo vocalista. "O Jim era o principal, claro, mas não é tudo. Olha esse show, a vibe desses caras, está tudo mais amadurecido. Muito bom mesmo!".
Ainda assim, Diego fez questão de deixar claro que há alguma diferença entre o mito eternizado e Brett Scallions. "Assim, se fosse o Jim Morisson que estivesse aí agora... bem... eu não estaria em condições de te dar esta entrevista."
Fato é que, polêmicas à parte, teve quem garantisse ter visto Jim Morrison por lá. "Ele estava aí, você não viu?". As irmãs Maria e Fúlvia Ochsendorf, ambas veterinárias, 29 e 27 anos, respectivamente, não hesitaram em dizer que Jim estava presente ali, de alguma forma, junto dos companheiros em cima do palco. "Choramos no final, quando tocaram 'Light my fire', foi muito emocionante, a presença dele era evidente".
E as irmãs não estavam sozinhas, a mamãe, Sandra Ochsendorf, fã da banda desde o início da formação na década de 60, também se comoveu com o show. "Chorei quando Jim morreu há quase 40 anos e chorei hoje... foi lindo", disse Sandra.
Na calada da noite
"Estou aqui escondida do meu marido! Ele está viajando e não sabe que eu vim ao show. E nem pode saber!", disse a artista plástica de 36 anos, fã incondicional da banda, que preferiu não contar seu nome. "Amei isso tudo, amei o vocalista, ele encarnou muito bem o Jim. Tô até agora com a alma arrepiada, são eles que estão aí!", disse a fugitiva.
Perguntada se o marido viajante não gostava de The Doors, ela disse que ele, como ela, amava a banda. "Mas ele é muito ciumento e jamais admitiria eu ir neste show sem ele. Só que, desculpe, mas não dava para faltar, né? Por eles vale à pena até arriscar meu casamento". Tá certo, então! "Mas não põe meu nome nessa matéria, por favor, vai que ele descobre!". Ok, pedido acatado. Quem sabe no próximo o casal não consegue ir junto, não é mesmo?
