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Ana Frango Elétrico colhe elogios pelo segundo disco

'Little Electric Chicken Heart' conta com influências do indie rock e dos sons dos anos 1950

12 dez 2019 - 09h10
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É com uma música chamada Saudade, palavra tão brasileira, que Ana Frango Elétrico abre o segundo disco, Little Electric Chicken Heart. O som da cantora e compositora carioca, no entanto, expande as fronteiras de tempo e espaço. Pode ter toques das canções classudas de Burt Bacharach e guitarras alucinadas inspiradas no indie rock atual.

Essa mistura vem chamando a atenção de quem frequenta a cena independente. Depois de um show com lotação esgotada no Sesc Avenida Paulista em outubro, Ana Frango Elétrico levou esta semana o prêmio de revelação do ano na categoria Música Popular da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Prestes a fazer 22 anos no próximo dia 19, ela conta que o reconhecimento é fruto de um trabalho construído aos poucos. "Vim do underground, fiz muito show para pouca gente. Pessoas que gostam do que proponho, que gostam de loucura. Foram me conhecendo no boca a boca", conta Ana, que adotou o Frango Elétrico por causa da dificuldade da pronúncia do sobrenome Fainguelernt.

Mas não somente por isso. Frango Elétrico é sua persona artística - ela também é pintora. "Tenho assumido cada vez mais como nome social. A gente está numa era em que o nome é o de usuário de Instagram. Um nome tem várias questões, relacionadas a heterônimo, a personagem, liberdade e gênero".

Com oito músicas e uma vinheta, Little Electric Chicken Heart é reflexo da convivência de Ana com pessoas-chave da atual música de São Paulo. Tim Bernardes, do grupo O Terno, lhe mandou uma mensagem dizendo que tinha gostado do primeiro disco dela, Mormaço Queima (2018). Ao lado de Tim e Maria Beraldo, Ana fez, no ano passado, um show cantando Rita Lee na Casa de Francisca, e começou a vir frequentemente à cidade. Ela também conheceu Gui Jesus Toledo, do Selo Risco, que abraçou a ideia do segundo álbum da artista.

Estabelecer contato com colegas de outros lugares é fundamental para Ana. Mas ela conta que a música independente feita no Rio precisa de mais vitrines. "No Rio, já circulei por várias cenas e cada vez mais quero trocar com diferentes cenas. O Rio tem muita coisa boa em todos os estilos musicais, mas sinto que a gente não está muito nos festivais, por exemplo. Quero que a gente tenha ambição de circulação."

Ouça 'Devia Ter Ficado Menos'

Ana afirma que Little Electric Chicken Heart, definido por ela como "little sátira romântica balada jazzística", é diferente de Mormaço Queima, "bossa pop rock decadente com pinceladas punk". Reflete um aperfeiçoamento no esquema de produção e composição. As faixas têm arranjos turbinados pela presença de sopros, uma predileção da cantora e compositora. "Em Mormaço Queima, eu era anticantora, tinha uma proposta 'anti' algumas coisas, era mais torto. Esse eu sinto que é um disco de intérprete", explica Ana, que assina a produção com o engenheiro de som Martin Scian.

As influências de som dos anos 1950 se mostram no tratamento de algumas canções de Little Electric Chicken Heart e na mixagem, com a bateria coberta por outros instrumentos. No futuro, ela não descarta uma aproximação com a música pop. "A cultura pop está em mim sempre, mas ela aparece mais no meu trabalho de artes visuais. Quem sabe eu não possa usufruir desses timbres também?"

Faixa a faixa por Ana

Saudade

"Uma canção que fiz há algum tempo. Canção obviamente de introdução. Tem uma onda de pop de câmara, com coro e

metalofone".

Promessas e Previsões

"Uma canção de Chico França, de São Paulo. A única do disco que não é minha. Ele tocou essa música, fiquei louca com ela e tomei para mim".

Se No Cinema

"Uma canção que vem de um poema. Um bom exemplo do meu método de compor, com misturas e cortes".

Tem Certeza?

"Uma canção de amor. As guitarras são todas minhas. É a música em que eu melhor consegui chegar no timbre que eu gosto".

Chocolate

"Outra canção que vem com o raciocínio da poesia, colocando o ouvinte em alguma situação. Uma canção que vem de uma experiência do que a palavra consegue alcançar".

Vinheta

"É uma vinhetinha que eu tinha feito para Maria Beraldo, que funciona como uma introdução para a próxima música".

Torturadores

"Fiz em cima de um poema, pensando no escracho popular neste momento político".

Devia Ter Ficado Menos

"Canção superantiga, acho que mais antiga do que o primeiro disco. Tem uma referência a Mac DeMarco em alguma medida e de Titãs também".

Caspa

"Fiz em São Paulo, acho que foi a última que compus para o disco. É música de despedida, com conotação de encerramento".

Estadão
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