“Melhores humoristas sobreviverão ao politicamente correto”
Pedro Paulo Vicentini, ator de “Os Parças 2”, apoia os limites do humor: “Humorista bom não é aquele que só zoa o outro. Aí é só um babaca”
Estreando no cinema com o humorístico “Os Parças 2”, Pedro Paulo Vicentini, de 21 anos, pertence ao grupo de artistas da nova geração que está atento às dores do outro. Por isso, o ator leva a empatia como bandeira no trabalho, principalmente, na hora de fazer piada. Para ele, não existe “mimimi”: o politicamente correto tem o seu valor.
“Humorista bom não é aquele que vai sair zoando do outro. Porque aí é só um babaca que está se aproveitando da dor de outra pessoa. Eu acredito que existem limites do humor e que o politicamente correto não atrapalha, mas vai podando os humoristas para que os melhores sobrevivam”, defende Vicentini, em entrevista ao Terra.
O termo politicamente correto é utilizado para descrever a evitação de linguagem ou ações consideradas excludentes, que marginalizam ou insultam um grupo de minorias. O tópico foi bastante discutido pela equipe de “Os Parças 2” durante as gravações do filme estrelado por Tom Cavalcante, Whindersson Nunes e Tirulipa e Bruno de Luca.
Em determinada cena, os protagonistas – todos nordestinos – são chamados de “Paraíba”, expressão utilizada de modo pejorativo para restringir a diversidade do Nordeste a apenas um dos estados, desconsiderando a pluralidade cultural da região.
“Quando a gente viu [a expressão Paraíba] no texto, a gente ficou meio preocupado. No roteiro é uma coisa, mas na hora da execução, a maneira como você mostra isso é outra coisa. São milhões de pessoas que podem interpretar de formas diferentes aquela cena, mas quando eu assisti à cena pronta, claramente vi que era uma crítica. É uma questão séria e ali, do modo como foi colocado, está fazendo o telespectador refletir sobre a xenofobia”, avalia o ator.
Além da cena de preconceito regional, piadas improvisadas foram alvos de discussão do elenco e direção. “A comédia tem o limiar de saber brincar, improvisar, e acontece de você passar do ponto”, defende o artista.
Clássicos
Mas se o momento é de reflexão, onde ficam os textos já apontados como racistas, homofóbicos, machistas e xenofóbicos? Para Pedro Paulo Vicentini, produtos culturais que marcaram época como a Megera Domada, de William Shakespeare, ou textos do escritor brasileiro Plínio Marcos, precisam ser trabalhados e ressignificados.
“Textos antigos é um tópico que eu e meus amigos de faculdade sempre discutimos. Quando você pega clássicos, que têm grande importância para a história do teatro, do cinema, da literatura, você vai descartar?”, questiona. “O texto está ali escrito, mas é preciso transformar, discutir aquela ideia. Tudo evolui.”
Ouça no Podcast Terra Entretenimento a entrevista completa com Pedro Paulo Vicentini: