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“Um daddy, como eu, só serve como objeto sexual”, diz Heitor Werneck, da Parada Gay de SP

Artista com atuação múltipla reflete a respeito do etarismo na comunidade LGBT+ e critica o ‘encaretamento’ do brasileiro

21 jun 2025 - 13h33
(atualizado às 13h33)
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Junho é o mês do orgulho LGBTQIA+. Este ano, a Parada Gay de São Paulo, a ser realizada neste domingo (22), tem o tema “Envelhecer: Memória, Resistência e Futuro”.

Oportuno no meio onde um homem gay com 30 anos já é considerado ‘coroa’. Os mais velhos, quando não descartados instantaneamente, passam a ser aceitos apenas para a realização de fetiche. Muitos maduros só conseguem sexo pagando (“faz um pix”).

Quando há etarismo e exploração financeira entre iguais, qual autoridade moral para se exigir respeito da sociedade em geral?

Este questionamento faz parte do cotidiano de Heitor Werneck, de 58 anos. Ele é produtor cultural, estilista, realizador de festas fetichistas e conteúdo adulto, além de integrar a comissão da Parada Gay paulistana.

Heitor Werneck usa o fetiche como ferramenta para enfrentar o etarismo dentro da própria comunidade LGBT+
Heitor Werneck usa o fetiche como ferramenta para enfrentar o etarismo dentro da própria comunidade LGBT+
Foto: Reprodução

Por que se fala tão pouco na comunidade e na mídia a respeito do envelhecimento de gays, lésbicas e afins, enquanto se cultua os corpos jovens?

O Brasil tem a cultura do descarte do velho. Joga fora e compra novo. É só olhar a descaracterização da cidade. Vilas e casas lindas do começo do século sendo derrubadas para dar lugar a prédios com apartamentos de 25 metros. Aqui mal se sabe quem foi um artista de vinte anos atrás. Muitas pessoas só me conhecem pela Parada, ninguém sabe meu passado. Daddies (homens mais velhos), assim como sou, só servem quando são objetificados sexualmente.

Você já colaborou com a produção de várias novelas da Globo. Acha que a teledramaturgia falha em não abordar o tema, apesar de depender do talento de tantos atores LGBTs 50+?

A dramaturgia brasileira ficou careta, moralista e provinciana graças ao pensamento religioso hipócrita que está crescendo. E ainda querem rejuvenescer as pessoas ao invés de valorizá-las. Há um desmerecimento de quem avançou na idade, um preconceito latente. Se for LGBT+, então, se torna objeto de escárnio na própria comunidade.

É comum que homens gays mais velhos sejam obrigados a ‘fazer pix’ para conseguir sexo, especialmente com jovens que os abordam. Há como combater esse etarismo que segrega e explora os homossexuais depois de certa idade?

A prostituição sempre existiu. É um mercado forte. E, hoje em dia, pagar por sexo virou um fetiche. Existe a relação entre o sugar daddy (homem mais velho com poder aquisitivo) e o slave money (escravo do dinheiro). Muitas pessoas adoram isso. Tem a ver com dominação e submissão.

Como tem sido envelhecer participando da indústria do sexo? Já sofreu preconceito?

Eu vivo intensamente e não me dobro, não. Faço conteúdos sobre autismo, HIV e filmes pornôs. O erotismo e a pornografia são uma continuidade de minha experiência de vida. O fetiche é algo terapêutico que levo muito a sério, e que considero a verdadeira saída do armário. Vida sexual sadia contribui para a saúde mental. Mas há uma linha tênue entre sexualidade resolvida e sexualidade traumática. O que faço é libertário e anárquico. Meu corpo, minhas regras.

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