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Swayze nos fez acreditar nele não só na tela como na vida

15 set 2009 - 17h48
(atualizado às 17h53)
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Esse diálogo de Patrick Swayze, no filme Road House (em português, Matador de Aluguel), foi repetida muitas vezes nas últimas décadas, e quase sempre em tom de zombaria. Era um dos muitos diálogos pronunciados por Swayze - "não coloque o bebê na esquina" talvez seja o mais duradouro- a encontrar espaço em camisetas engraçadinhas.

Parte do que o tornava um ator memorável era sua capacidade de pronunciar frases como essa sem mostrar qualquer traço de humor ou de autocrítica. Enquanto outros atores se perdem no personagem ou simplesmente não parecem estar nem aí, Swayze exsudava sinceridade em cada tomada. Os diretores provavelmente amavam essa característica - mesmo que o diálogo fosse ridículo, ninguém duvidava que o ator acreditava em cada linha.

Pouca gente imaginava que Swayze teria a oportunidade de viver na prática o seu lema, e de maneira muito pública, depois de revelar ao mundo que estava sofrendo de câncer, no começo do ano passado. Foi então que Swayze provou o que alguns dentre nós já suspeitavam: ele não estava interpretando um papel.

A maioria de seus trabalhos mais conhecidos aconteceram no período de sete anos que separa Red Dawn, em 1984, de Point Break, em 1991. Na época, os atores mais populares tendiam a se dividir em termos de apelo a diferentes públicos: Kevin Bacon atraía as moças, Sylvester Stallone era o ídolo dos rapazes. Mas Swayze transcendia as limitações de sexo.

Ele dançava tão bem quanto brigava ¿seus combates corpo a corpo sempre tiveram algo de balé -, e o penteado dele era tão perfeito que parecia uma ameaça à camada de ozônio. Mas ao mesmo tempo ele exibia uma fidelidade severa e quase zen ao código da masculinidade. As mulheres podiam fantasiar que estavam dançando o mambo com ele no Sheldrake. Os homens podiam fantasiar que ele era seu irmão mais velho.

Swayze jamais esteve nem perto da posição de ator mais popular do mundo. Embora tenha realizado alguns trabalhos interessantes em papeis menores, no estágio mais tardio de sua carreira, ele não tinha versatilidade nenhuma. Até mesmo de vestido e usando maquiagem, como drag queen no filme To Wong Foo, Thanks for Everything! Julie Newmar, Swayze nunca deixava de ser Swayze.

Mas ainda que o segundo ato de sua carreira tenha sido menos visível, os filmes que realizou em seu período de maior popularidade começaram a ganhar apreciação como algo mais que um culto ao mau cinema. Hot Fuzz, uma comédia sobre policiais dirigida em 2007 por Edgar Wright, é uma espécie de carta de amor a Point Break. E Kevin Smith, de Clerks, ofereceu colaboração voluntária aos produtores de Road House para escrever e narrar os comentários do DVD do filme.

Swayze era sempre uma inspiração na tela - quer combatendo os russos, quer enfrentando vilões do hóquei ou riquinhos bem vestidos. Mas ele cimentou sua lenda depois que surgiu a revelação de que estava sofrendo de câncer. De repente, lá estava ele concedendo uma entrevista a Barbara Walters na qual ele não só admitia os seus medos como prometia combater a doença com a mesma intensidade e concentração sempre exibidas pelos herois de seus filmes.

Provando sua dedicação e espírito de luta, ele convenceu os produtores do seriado The Beast, da rede A&E, a permitir que ele continuasse em seu papel principal, que requeria grande esforço físico, e chegou a rejeitar dublês em diversas cenas. Sempre que os jornais sensacionalistas divulgavam boatos sobre sua morte, ele rebatia com mensagens aos fãs, nas quais afirmava que ainda não havia perdido a esperança. E mesmo quando já não restava esperança, ele continuou batalhando.

Muitos atores passam toda a carreira tentando estar à altura, na vida real, dos personagens que personificam nas telas. Swayze o fazia sem esforço. A carreira dele pode ter chegado ao ápice nos anos 80, mas ele foi heróico até o fim.

Foto: Divulgação
The New York Times
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