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Gil do Vigor fala de filme que conta sua trajetória aos EUA

Série do Globoplay retrata a vida do influenciador digital e ex-BBB, que cursa Ph.D. em Economia nos Estados Unidos

7 dez 2021 - 05h10
(atualizado às 07h29)
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O economista Gil do Vigor, ex-participante do 'Big Brother Brasil 21'  
O economista Gil do Vigor, ex-participante do 'Big Brother Brasil 21'
Foto: Instagram/@gildovigor / Estadão

Um papo com Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor, é repleto de expressões engraçadas. "Vigora!", "regozijo", "servo do Senhor", "Ela faz a evolução dela", "tchaki tchacki", além de caras e bocas, saem aos montes, pontuando frases e opiniões. Mesmo as mais sérias. No entretenimento, são conhecidas como bordões - e é por eles que o telespectador cria vínculos com um personagem. De certa forma, Gil, mesmo que espontaneamente, soube usá-los no Big Brother Brasil 2021, no qual conquistou o quarto lugar.

O Estadão conversou com Gil por vídeo para falar sobre a série Gil na Califórnia, que estreia no Globoplay na quinta, 9, e parte da participação dele no Big Brother Brasil 21, encerrado em maio, para contar a trajetória do ex-BBB. Da vida pobre na periferia do Recife ao sonho de participar do programa à chegada à Universidade da Califórnia em Davis, a UC Davis, onde cursa um Ph.D. em Economia. Parece um conto de fadas.

Em cinco capítulos, com direção de Patrícia Carvalho e Patricia Cupello, a série documental mostra um tour de Gil por cidades como São Francisco, onde ele descobriu conexões com o movimento gay, além abordar a vida que ele leva em Davis, onde mora e estuda.

"A Califórnia nos parece um lugar perfeito para resgatar a história de um menino pobre, preto que conseguiu por meio do estudo mudar a sua vida e a vida de sua família. E que através do Big Brother assumiu sua homossexualidade até então reprimida", diz Patrícia Carvalho. "É muito inspirador, Gil do Vigor vigora a fé daqueles que estão cansados. E hoje, no Brasil, uma história como essa é mais necessária do que nunca. Vai revigorar (literalmente!) nossa fé na vida", completa Patricia Cupello.

Na entrevista, de São Paulo - Gil pôde neste fim de ano cumprir uma etapa do curso de forma remota -, ele fala de fama, a vida na Califórnia e homofobia.

Como está sua vida na Califórnia?

Teve altos e baixos, como tudo na vida. Fui me adaptando com a cultura, a alimentação, a língua, a comunicação mais lenta, a falta do abraço. O Ph.D. em si não está difícil. São assuntos que já vi no Brasil. E, assim, sou vigoroso. Sento a bunda na cadeira e estudo. Consegui superar os momentos mais complicados. Nos últimos 21 dias que estive por lá, foi só regozijo.

Você, antes, foi vigiado no BBB e agora ficou com a equipe do documentário em sua cola. Como foi reviver essa situação?

Ajo naturalmente, como sempre fiz. Se eu via um homem bonito na rua, falava: que lindo! Mesmo que estivesse gravando algo importante. Sou eu, como no BBB, mas andando pelas ruas. Fui eu mesmo. Sou aberto, não proibi de mostrarem nada.

Vocês gravaram em São Francisco. Você disse que foi importante estar na cidade, saber que muitos por lá lutaram para você poder ser o Gil do Vigor sem medo. O quanto isso foi importante para você?

Fazer um tour pelos pontos importantes da cidade foi muito especial. Ver a liberdade que todo mundo tem. Eu senti que era o meu lugar. As bandeiras LGBTQ+ hasteadas, faixa de pedestres como as cores do arco-íris... O arco-íris é um símbolo da relação de Deus com o homem. Representa felicidade, alegria. Ninguém fala sobre isso, mas há uma passagem bíblica que fala que o arco-íris é o convênio que Deus fez com os homens (em Gênesis) para não haver mais sofrimento e punições. Isso é o amor de Deus, que é lindo, livre e aberto.

Nessa questão, você se sentiu mais seguro lá fora do que aqui no Brasil?

Viver na Califórnia me deu o sentimento de que eu não preciso ter medo de nada. Pude ser quem eu sou. No começo, até fiquei com receio, na retaguarda, esperando que alguém pudesse me desrespeitar. Ficava pensando: ninguém vai me olhar diferente, fazer uma piada homofóbica? Isso não acontece lá. Então, baixei a guarda. Agora que estou no Brasil, minha mãe me disse para ter cuidado com quem eu me relacionar. Pediu que eu me relacionasse só com amigos de amigos. Me lembrou de um amigo que marcou encontro por aplicativo de relacionamento e foi assassinado.

Você já foi vítima de homofobia aqui no Brasil?

Me dói muito falar, mas fui, diversas vezes. A vítima sofre muito. Até no BBB eu fiquei com receio no início. Quando saí, teve aquele áudio (um conselheiro do Náutico, clube de futebol do qual Gil é torcedor, fez ataques à dança que ficou conhecida como "tchaki tchaki" quando ele visitou o estádio Ilha do Retiro). Foi terrível.

Você soube que foi aprovado para o Ph.D. na live após a eliminação do BBB. Depois, vendo tudo o que estava ocorrendo em torno do seu nome aqui fora, ficou em dúvida em seguir com os estudos ou ficar no Brasil para aproveitar a fama?

Na verdade, o (Tiago) Leifert me contou, mas você finge que foi na live (sussurra). Eu o obriguei a falar (risos). Mas, não, nunca me regozijei com a fama. O único dia em que me questionei foi quando gravei uma participação especial no (programa humorístico) Vai Que Cola. De tudo o que eu fiz, essa gravação me deu a mesma felicidade de estudar Economia.

Qual sua relação com a fama?

Ela nunca me encheu os olhos. Não é o centro da minha vida. Quero levar uma mensagem para as pessoas, brincar, fazer tchaki, tchaki. De vez em quando, gosto de me mostrar, de uma cachorrada, né? Sou bicha. Não vim a passeio. Confesso que meu sonho é ter uma manchete assim: "Gil é visto aos beijos com moreno misterioso". Na verdade mesmo, entre os flashes e um cineminha com um crush, prefiro estar ali, beijando na boca, tranquilo.

Estadão
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