No último domingo, a TV Globo prestou tributo a um dos maiores nomes do jornalismo esportivo brasileiro, Léo Batista, falecido em janeiro de 2025, aos 92 anos.

A homenagem, transmitida durante a cobertura do Campeonato Brasileiro, resgatou a voz inconfundível do comunicador por meio da inteligência artificial.

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Com a permissão da família, a emissora utilizou recursos de IA para reviver a locução clássica de Batista na narração dos gols da rodada, em uma edição especial que integrou as comemorações dos 60 anos da Globo.

Embora autorizada pelos familiares, a iniciativa gerou ampla repercussão nas redes sociais, especialmente na plataforma X, antigo Twitter.

O motivo da comoção não foi apenas o peso emocional de ouvir novamente a voz de um ícone da televisão, mas também os dilemas éticos e sensoriais que cercam o uso de tecnologia para recriar vozes de personalidades falecidas.

O retorno digital da voz de Léo Batista dividiu o público. Muitos internautas se emocionaram com a iniciativa, destacando o simbolismo e a nostalgia de ouvir novamente a entonação que por décadas marcou os domingos esportivos da televisão brasileira.

"Ouvir Léo Batista narrando novamente é como uma volta no tempo", escreveu um usuário emocionado. Outro destacou que foi um gesto à altura da importância do jornalista, cuja história se confunde com a própria trajetória do jornalismo esportivo nacional.

Por outro lado, o uso da inteligência artificial também gerou críticas. Alguns consideraram o gesto "estranho" e "invasivo", levantando questionamentos sobre os limites éticos da tecnologia no campo das memórias e homenagens póstumas.

Comentários como "bizarro" e "desrespeitoso" apareceram com frequência. "Sinceramente, sempre achei isso um desrespeito. Uma coisa é recordar, outra é simular", opinou um usuário.

Essa discussão remete a um debate global sobre o uso da IA para recriar vozes, rostos e performances de artistas já falecidos. Ainda que em muitos casos a prática conte com o aval das famílias, há uma linha tênue entre a homenagem sincera e o incômodo causado pela artificialidade, especialmente quando se trata de figuras tão queridas e emblemáticas como Léo Batista.

Léo Batista: O legado de um ícone do esporte na TV brasileira

Léo Batista construiu uma carreira brilhante e longa. Botafoguense apaixonado, foi um dos principais rostos da transição do rádio para a televisão, marcando época em programas como "Esporte Espetacular" e "Fantástico".

A ele também é atribuída a criação do "Copa Brasil", embrião do atual "Globo Esporte", um dos mais tradicionais programas esportivos do país. Batista foi ainda protagonista de coberturas históricas, como Copas do Mundo, Jogos Olímpicos e grandes prêmios da Fórmula 1. Seu quadro com a famosa zebrinha no Fantástico se tornou um marco cultural dos anos 1980 e 1990.

No tributo da TV Globo, Galvão Bueno, colega de décadas e outro gigante da narração esportiva, prestou uma fala comovente, chamando Batista de "um mestre, um gigante das emoções". Foi um momento de reverência, reforçando o respeito e a admiração que atravessam gerações de jornalistas, atletas e telespectadores.

O uso da inteligência artificial para homenagear Léo Batista é, sem dúvida, uma escolha tecnológica ousada. Em tempos de avanços rápidos e fronteiras éticas em constante transformação, a homenagem reacende debates sobre memória, presença e autenticidade.

E embora tenha causado reações distintas, o fato de o tributo ter gerado tamanha repercussão é prova do quanto Léo Batista permanece presente na história do esporte e da televisão brasileira.