Organizadora do Sessão Vitrine quer dar sequência ao projeto
A programação da Sessão Vitrine entra em sua terceira semana de exibição nesta sexta-feira (10) com a exibição do filme Chantal Akerman, de cá, cujas exibições em São Paulo e no Rio de Janeiro serão acompanhadas de debates com os diretores Gustavo Beck e Leonardo Luiz Ferreira. É preciso dizer que a chegada do terceiro documentário dessas sessões exibidas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Vitória, Recife, Salvador e Porto Alegre é resultado de um trabalho de formiguinha de mais uma distribuidora nacional remando contra a maré, a Vitrine Filmes. Em conversa exclusiva com Silvia Cruz, uma das sócias da empresa, procuramos entender como é o processo de levar produções independentes nacionais às telas de cinema.
» Alugue ou Compre Vídeos no Terra Video Store
» Assista a trailers de cinema
» vc repórter: mande fotos e notícias
Segundo Silvia, existem alguns pequenos grandes entraves para fazer circular produções independentes, ainda mais quando elas são brasileiras. "A grande dificuldade das distribuidoras independentes que são nacionais e trabalham com filmes mais alternativos é conseguir espaço nas salas com tempo hábil de chamar as pessoas pra ir ao cinema, a concorrência é muito grande. Além disso, a maior parte dos filmes que distribuímos hoje, em razão da facilidade de produção, são digitais. E apenas uns 10% das salas exibidoras têm equipamento para exibir digital. Fica então aquela concorrência interna entre as pequenas distribuidoras."
Sobre a Cota de Tela, dispositivo legal que estabelece o número mínimo de dias para a exibição de filmes nacionais, Silvia garante que isso não muda o trabalho das pequenas distribuidoras. "Essa lei não ajuda tanto a gente, porque os filmes comerciais brasileiros, aqueles de grande bilheteria, já cumprem essa cota. De forma que não acho que as pequenas distribuidoras consigam se beneficiar disso."
A Sessão Vitrine, explica, foi uma solução viável para fazer circular em salas comerciais filmes que, de outro modo, ficam restritos ao circuito de festivais. "Não gostaria de divulgar esses filmes como alternativos. E para exibi-los, decidimos colocar todos como um coletivo, com um a cada semana."
Entendendo que ir ao cinema é um exercício cada vez mais difícil - "cada vez mais, as pessoas não têm tempo, nem dinheiro pra ir ao cinema" - Silvia pretende dar sequência ao projeto da Sessão Vitrine, que já exibiu os documentários Estrada para Ythaca, Um Lugar ao Sol, e vai exibir ainda Chantal Akerman, de cá, Estrada Real da Cachaça e Morro do Céu.
Mas essa continuação do projeto, ressalta ela, depende 100% do sucesso dessa primeira leva de filmes. "Vamos analisar a resposta do público. Se ele responde bem, então vamos continuar com o projeto", afirma.