"Me chamavam de ovni", diz Wagner Moura sobre juventude
Mestre dos disfarces no filme VIPs, de Toniko Melo, em que dá vida ao falsário Marcelo da Rocha, Wagner Moura confessa que, às vezes, também não sabe muito bem como definir sua personalidade. "Quem disse que sei quem sou? Isso é uma busca eterna, eu acho. Hoje, mais velho, é menos complicado. Porque quando eu era adolescente, era mais doido", entrega o ator, que, assim como seu personagem no filme, tinha um apelido bem peculiar na época do colégio. "Eu só não era emo", diverte-se. "Me chamavam de ovni. No filme, chamam o Marcelo de Bizarro. Eu era meio inadequado. Gostava de ouvir o som do The Cure, Joy Division... Era solitário", revela.
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Embora mostre toda a sua versatilidade no longa - ele imita vozes, trejeitos e tipos com perfeição, além de assumir pelo menos três personalidades -, Wagner jura que não se inspirou em nada do Marcelo original e que, na vida real, não sabe copiar tão bem as pessoas. "Não tive nenhum contato com o Marcelo. Tudo que sabia é que ele era o cara de Recife que enganava as pessoas. Ele é melhor ator do que eu. Porque o cara não interpreta, ele acredita, vive e pronto. Não sou um bom imitador", explica o ator, modesto. Mas, segundo Toniko, diretor do longa, há controvérsias. "Ele faz uma imitação do Selton (Mello) que é impagável", entrega.
No desenrolar da trama de VIPs, o personagem central atravessa quatro fases: na primeiro, é o adolescente esquisitão Bizarro; depois, encarna o piloto de avião Carrera, traficante de drogas internacional; antes de virar líder do PCC, na prisão, ele assume a identidade de Henrique Constantino, filho do dono da empresa aérea Gol. "Ele começa imitando, quando está construindo uma identidade. Depois, ele vira a pessoa. Fiquei preocupado em dar uma liga entre eles, para que saíssem de uma mesma matriz. Acho que construí bem cada um, de um jeito que não fazia há tempos", avalia Wagner.
Mas isso não impediu que o próprio ator incorporasse à sua vida uma das habilidades do camaleão do filme. "Aprendi a pilotar. Consigo decolar sozinho. Quando vi Top Gun (1986), também queria ser piloto, pegar aquela loura (Kelly Mcgillis). Queria ser o Tom Cruise!", brinca ele, que, hoje, se pudesse, assumiria outra identidade. "Estava falando com o Lázaro (Ramos). Seria bom ser o Obama por um dia", admite ele, que interpreta Será, da Legião Urbana, no filme. "Foi muito divertido fazer o Renato Russo", diz.
Por mais que Wagner se delicie com as múltiplas nuances do personagem, ele não deixa de comentar a gravidade do caso de Marcelo da Rocha. "Ele tem uma patologia muito forte, leva tudo às últimas consequências. Marcelo é um criminoso, mas também é mais complexo do que isso. O crime de estelionato é terrível. O VIPs tem um viés psicológico forte. Ele é doido, mas manda dinheiro para a mãe, por exemplo. Aliás, é a mãe da gente que diz quem a gente é pela primeira vez", analisa ele, que, enquanto procura se encontrar, vai mostrar, em julho, mais uma faceta sua em seu primeiro filme hollywoodiano, Elysium, de Neill Blomkamp, mesmo diretor de Distrito 9.