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"'Garapa' muda a maneira com que o público vê a fome", diz Padilha

2 mai 2009 - 16h17
(atualizado às 16h50)
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Principal estrela do cinema brasileiro na oitava edição do Festival Internacional de Cinema de Tribeca, em Nova York, José Padilha, diretor de Tropa de Elite, premiado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim do ano passado, trouxe para Manhattan seu mais recente documentário.

José Padilha lança 'Garapa' no Festival Internacional de Cinema de Tribeca
José Padilha lança 'Garapa' no Festival Internacional de Cinema de Tribeca
Foto: Eduardo Graça / Especial para Terra

» Veja aqui a parte 2 da entrevista

Em Garapa, ele acompanha o dia-a-dia de três famílias que enfrentam a fome no nordeste brasileiro. O filme, que será apresentado para o público amanhã no Festival, impressionou a platéia na exibição para convidados e imprensa.

A reportagem do Terra conversou com o diretor de Ônibus 174 na Rua 13 da Big Apple, sobre os problemas sociais do Brasil, o distanciamento que nova-iorquinos, paulistanos, cariocas e qualquer morador dos grandes centros urbanos brasileiros têm com a fome e seus novos projetos. Garapa estréia nos cinemas brasileiros ainda este mês.

Como foi a reação do público às sessões de Garapa aqui em NY?

Muito semelhante a Berlim. Um silêncio muito grande, muitas pessoas balançadas. Os caras estão vendo uma realidade que é dramática para aquelas três famílias, mas também são informados que aquela é a realidade de uma em cada sete pessoas no planeta. E se perguntam: por que não estamos resolvendo isso?

Você acredita que o filme faça os americanos redimensionarem o drama que vivem neste momento, com uma crise financeira ainda de proporções desconhecidas?

Não. Garapa nada mais é do que um filme em que eu acompanho três famílias que vivem numa situação de insegurança alimentar grave, para usar a classificação da ONU. E o objetivo é mostrar o dia-a-dia destas famílias enquanto o público entende o que é enfrentar a fome. Não de uma maneira intelectual - é só entrar na internet e ver os números - mas como um encontro pessoal. Você não vai aprender sobre a fome do anônimo, como na estatística. Você vai ser apresentado a personagens reais de um filme, vai gostar deles e vai sentir o que significa ver alguém que você 'conhece' não ter o que comer. E isso muda tudo. Garapa muda a maneira com que o público vê a fome.

Imagino que a reação do público não seja muito diferente à de NY em grandes centros como Rio e São Paulo...

Hoje em dia é possível separar as populações entre pessoas que estão integradas na economia global e as que estão à margem. Não há convivência entre o primeiro grupo e as pessoas com insuficiência alimentar grave. Embora os números sejam chocantes, essa gente não tem amigos ou parentes que passam fome.

Você já tinha tido contato direto com a fome antes de Garapa?

Não. Li, pesquisei e estudei muito o assunto. Mas nada me preparou para conviver com a fome diariamente. E esta, creio, é a realidade do público também. E isso explica por que ainda existe a fome. Se entendêssemos o quão terrível é a situação destas pessoas, já teríamos feitos um esforço imenso para resolver o problema da fome no planeta.

Fonte: Especial para Terra
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