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Premiado diretor Jafar Panahi inicia greve de fome em prisão do Irã

O cineasta foi considerado culpado de "propaganda contra o governo"; entenda!

2 fev 2023 - 02h55
(atualizado às 12h48)
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Foto: Divulgação/Kanibal Films / Pipoca Moderna

O premiado diretor de cinema iraniano Jafar Panahi começou uma greve de fome na prisão. O ato, relatado no Instagram de sua esposa Tahereh Saeidi, é um protesto contra uma pena de 6 anos de prisão aplicada por um tribunal de Teerã em 2010.

O cineasta foi considerado culpado de "propaganda contra o governo" por apoiar os protestos de 2009 contra a reeleição do ultraconservador Mahmud Ahmadinejad como presidente da República Islâmica. Detido por dois meses em 2010, ele foi colocado em prisão domiciliar e proibido de filmar por 25 anos.

Mas Panahi resistiu. Continuou fazendo filmes de forma ilegal. O documentário 'Isto Não É um Filme' (2011), que retratou seu cotidiano sob as restrições do governo, foi levado para o Festival de Cannes em 2011 dentro de um bolo de aniversário. 'Cortinas Fechadas' também teve que ser contrabandeado para fora do país. Em ambos os casos, ele filmou dentro dos limites de sua prisão domiciliar. Mas, em enfrentamento declarado, foi às ruas disfarçado para rodar 'Táxi Teerã', vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim de 2015. Após o final do período previsto de prisão domiciliar, esteve ainda mais à vontade para filmar '3 Faces', que venceu o troféu de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2018.

A decisão de enviá-lo para uma prisão, porém, deu-se por um motivo sem relação aos filmes que rodou. Em julho do ano passado, Panahi decidiu acompanhar o caso de outro vencedor do Urso de Ouro, Mohammad Rasulof ('Não Há Mal Algum'), preso pelo regime. Ao chegar ao tribunal de Teerã, foi preso em flagrante.

Embora tenha sido colocado em prisão domiciliar, o tribunal resolveu que o diretor não havia cumprido a pena até então. Panahi disse, na época, que era vítima de uma grande injustiça e classificou as acusações contra ele como "uma piada".

Agora, detido na Prisão de Evin, o diretor emitiu um comunicado para a imprensa afirmando que "não irá comer, beber nem tomar qualquer medicamento" até ser liberto. "Eu irei resistir até meu corpo sair da prisão", relatou o diretor. A intenção do artista é chamar atenção da imprensa e de festivais de cinema internacionais sobre a repressão no cinema de seu país e das contínuas agressões aos direitos da mulher.

Panahi venceu vários prêmios internacionais, incluindo a Câmera de Ouro do Festival de Cannes por 'O Balão Branco', de 1995, e o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim em 2015 por seu filme 'Táxi Teerã'. Os filmes do diretor não são exibidos em seu país de origem.

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