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Filme sobre Thiago Soares mostra que rebeldia e disciplina são a chave para uma carreira de sucesso

'Um Lobo Entre os Cisnes', que registra a jornada do garoto da Zona Norte do Rio que se apaixona pelo hip-hop e se torna um dos maiores nomes da dança mundial, chega aos cinemas em 24 de julho

23 jul 2025 - 14h42
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A história de um garoto da Zona Norte do Rio de Janeiro que se apaixona pelo hip-hop e acaba se tornando um dos maiores nomes da dança mundial. Essa é a história real da cinebiografia Um Lobo Entre os Cisnes, filme que estreia nos cinemas nesta quinta, 24. A produção, que diz ser o primeiro filme brasileiro de ficção dedicado inteiramente ao mundo da dança, conta a trajetória do bailarino Thiago Soares, vivido por Matheus Abreu (Pureza), em sua jornada dos bailes de hip-hop de Madureira aos principais palcos de balé do mundo.

'Um Lobo Entre os Cisnes' é estrelado por Matheus Abreu e Darío Grandinetti
'Um Lobo Entre os Cisnes' é estrelado por Matheus Abreu e Darío Grandinetti
Foto: Vitrine Filmes/Divulgação / Estadão

Dirigido por Marcos Schechtman e Helena Varvaki, o longa é inspirado na parceria entre Thiago e o coreógrafo cubano Dino Carrera, vivido pelo argentino Darío Grandinetti. Para os diretores, o filme trata da importância de alguém acreditar no potencial de um jovem.

"Acho que contar a história do Thiago é muito importante pela força que ele tem no cenário da dança brasileira e mundial", explica Helena Varvaki, em entrevista ao Estadão, sobre a escolha do protagonista. "Mas a força desse filme é a gente contar a história de um menino da Zona Norte, Carioca, que foi olhado. E esse fato de que alguém olhou para ele transformou a vida dele. E o Brasil é um celeiro de talentos que só precisam de um olhar".

Transformação de Thiago Soares

Um Lobo Entre os Cisnes acompanha Thiago desde sua paixão pelo hip-hop até o encontro transformador com Dino, cubano que se torna seu mentor. "Na realidade, uma grande história de amor, um amor fraternal, um professor, um mentor", descreve a diretora sobre a relação central do filme. "Essa capacidade da arte poder catapultar alguém para uma vida diferente" foi um dos elementos que mais fascinou os realizadores na história de Thiago.

O filme tenta fugir dos limites que existem ao tentar contar a história de uma biografia tradicional. Schechtman destaca que a singularidade do protagonista está em unir "a rebeldia à disciplina". "A história do Thiago não é a história de um bailarino que é domado pelo seu mestre", afirma o diretor. "Pelo contrário, acho que o Dino olha para o Thiago e vê a singularidade que ele teria como bailarino justamente por conta da sua rebeldia".

O bailarino Thiago Soares
O bailarino Thiago Soares
Foto: Alessandro Marinho/ Divulgação / Estadão

Para dar vida ao personagem, Matheus Abreu passou por uma preparação física e artística que durou anos. "A minha preparação começou em 2018. Sempre com o balé como foco", conta o ator. O processo intensivo incluiu técnicas como Gyrotonic, aulas diárias de balé de até três horas, dança contemporânea e hip-hop com a coordenadora Clara Francis.

"Quando eu estava em BH, comecei as aulas online com a Clara Francis, que foi a coordenadora da parte de hip-hop do filme. E quando eu fui para o Rio, a gente conseguiu unir tudo presencialmente", relembra Abreu. Além das aulas práticas, a proximidade com o próprio Thiago Soares também foi fundamental. "O Thiago me corrigia, sabe? Posturas... Ele conseguiu me passar um pouquinho do tempero que ele colocava na dança dele", diz.

A busca pela autenticidade levou os diretores a uma decisão arriscada e inovadora: trabalhar com bailarinos reais no elenco do filme. "Fora o Matheus, todo mundo ali tinha formação realmente de dança", explica Varvaki. "Essa foi uma experiência muito interessante de imersão num ambiente que deu uma verdade absoluta e permitiu a gente fazer essa linguagem que parece que a ação se passa de maneira contínua".

A importância de ver sua história na tela

Para o próprio Thiago Soares, ver sua história nas telas representa algo maior que uma biografia pessoal. "A maior sensação de todas é essa ideia de que outros vão ver esse projeto, esse filme, e de alguma forma vai poder despertar neles esse sentimento de que é possível", afirma o bailarino ao Estadão. "De que a nossa vida pode ser transformada quando a gente encontra a nossa verdadeira voz na vida, a nossa verdadeira vocação".

O bailarino, que já passou por todas as emoções do processo, define a experiência como "surreal". "Tem pessoas ali que são de alguma forma representadas no filme que eu nunca imaginei que a relação com elas ia virar um filme. Ia virar um negócio desse tamanho", diz. "Mas acho que a maior de todas e a mais significativa é poder incentivar, representar e traduzir de alguma forma todos esses jovens, essas pessoas que querem encontrar sua arte, seu rumo na vida, sua voz, sua profissão, seu destino, sua missão".

Identidade e pertencimento

Além da dimensão artística, o filme explora questões profundas de identidade e pertencimento. Afinal, antes de entrar no balé, muitos não enxergavam Thiago como um merecedor dentro do espaço da dança - como se hip-hop fosse de outro mundo. "É uma dimensão existencial de identidade", reflete Varvaki. "O Thiago era um garoto que não sabia bem a identidade dele, para onde ele ia. Mas o Dino também, um cubano exilado, que tinha restrição à sua identidade lá. É um reconhecimento de uma identidade deslocada deles".

Além disso, ainda falando sobre identidade, o longa chega em um momento particularmente significativo para o cinema nacional. "Esse momento do cinema brasileiro é maravilhoso e o meu desejo é que ele perdure", declara Schechtman, que vê na arte uma função social fundamental. "A arte, a dança, o cinema, a literatura, o teatro são fundamentais para que possamos pensar o nosso tempo para além das necessidades de sobrevivência".

Thiago Soares ressalta a importância de ter mais histórias brasileiras no nosso cinema e histórias que não foram contadas. "É a história de um menino que ganhou a vida usando malha de balé, um menino de subúrbio, um artista que do asfalto foi parar nos tapetes vermelhos dos palcos do mundo", define o bailarino sobre sua trajetória. "Óbvio que a minha realidade mudou e a maior parte da minha carreira, uma vez que estabelecida, foi nesses grandes teatros e nesse lugar de um primeiro bailarino. Eu dancei nas maiores casas do mundo, como o La Scala, o Royal Opera House, o Metropolitan em Nova Iorque".

No final, fica a sensação de que a relevância do filme vai além do entretenimento, tocando em questões sociais urgentes. "Existe uma quantidade de bailarinos brasileiros performando fora do País que só perde para jogadores de futebol", diz Helena Varvaki. "Isso é um dado muito impressionante de como a arte pode permitir a transformação, como a arte pode permitir conhecimento, autoconhecimento e ainda estabelecer relações muito fortes".

Estadão
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