Script = https://s1.trrsf.com/update-1765224309/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

'Encontro Explosivo': Fora do labirinto e rumo à tela

15 abr 2010 - 15h16
Compartilhar

Existe um motivo para que Hollywood defina a situação como "o inferno do desenvolvimento". Mesmo que o resultado seja positivo. Essa é a lição de Encontro Explosivo, uma comédia de ação de grande orçamento estrelada por Tom Cruise e Cameron Diaz que estreará em 25 de junho, a mesma data reservada para o lançamento de Gente Grande, de Adam Sandler.

» vc repórter: mande fotos e notícias

Sandler, aliás, recusou o convite para protagonizar Encontro Explosivo cerca de cinco anos atrás, quando o projeto era conhecido como Wichita.

Isso aconteceu antes que o roteiro ganhasse o nome de Trouble Man, como veículo quase romântico para Chris Tucker e Eva Mendes, mas bem depois de sua concepção original pelo roteirista Patrick O'Neill, que escreveu uma história para All New Enemies, um sofisticado filme de ação no qual um sujeito mais velho e um tanto desequilibrado - que se comportaria um pouco como Peter Falk em Até que os Parentes nos Separem - formaria parceria com um jovem problemático, por exemplo Edward Furlong em Exterminador do Futuro 2.

A temporada de grandes lançamentos do verão está repleta de continuações, a exemplo de Homem de Ferro 2, da Marvel e Paramount, e adaptações como a da graphic novel Scott Pilgrim vs. the World, da Universal.

Mas Encontro Explosivo foi criado à maneira antiga, submetendo um roteiro original e não solicitado ao brutal sistema de desenvolvimento de Hollywood, com revisões intermináveis de texto e mudanças no elenco e nos diretores escalados. Por fim, superando todos esses obstáculos, ele surgiu como elemento importante na programação de verão da 20th Century Fox, em parceria com a New Regency Pictures.

Encontro Explosivo também é notável porque com ele Cruise, no passado o mais lucrativo astro de Hollywood, está em busca de seu primeiro grande sucesso desde A Guerra dos Mundos, que faturou US$ 234 milhões nas bilheterias em 2005.

O diretor de Encontro Explosivo, James Mangold, ainda não acabou seu trabalho de pós-produção. Mas os trailers da história estão sendo muito procurados na Internet.

A coluna PopWatch, da EW.com, esteve entre as primeiras a expressar aprovação, quando seu autor afirmou em dezembro que "ainda não sei direito sobre o que o filme é, e isso é o que ele tem de mais bacana. E ainda mais bacana? Temos dois superastros que nos fazem recordar por que se tornaram astros".

Na verdade, a história coloca Diaz, no papel de June Havens, tentando descobrir o que é e o que não é real - mais ou menos como Audrey Hepburn ao contracenar com Cary Grant em Charada (1963) - com relação a Roy Miller, o agente secreto interpretado por Cruise, que a envolve em uma missão que pode salvar o mundo. Ou não.

A maior parte dos roteiros morre no processo de desenvolvimento. De alguma forma, Encontro Explosivo sobreviveu. Steve Pink, um dos produtores do filme, que ajudou O¿Neill a desenvolver a ideia original, diz que isso se deve ao conceito central da história, um protagonista nada confiável. "Isso, e a força do texto de Pat", disse ele na semana passada. "De outra forma, não vejo como teria sobrevivido".

Mangold, Cruise e os executivos da Fox não quiseram conceder entrevistas sobre o filme, que emprega muitas viradas de trama, muitas ilusões e grandes revelações como recursos narrativos. Mas diversas pessoas que trabalharam no filme ¿a maioria das pediu que seus nomes não fossem revelados para evitar conflitos- o descreveram como tendo passado por muitas reviravoltas durante a produção, em um processo menos divertido do que aquele que vemos na tela.

O papel principal foi oferecido a Sandler em sua primeira encarnação, como Wichita, no Revolution Studios, com Pink e outro produtor, Todd Garner. Foi Garner que sugeriu que o papel do parceiro problemático de Miller, ou Milner, como o protagonista era conhecido então, fosse atribuído a uma mulher.

Mas Sandler mesmo assim recusou, declarando, de acordo com um relato que "não consigo me ver usando uma arma".

A Revolution abandonou o projeto. Mas quando Joe Roth, seu então presidente-executivo, começou a trabalhar com Pink e Garner na Sony Pictures, eles ressuscitaram o projeto, dessa vez com Chris Tucker, o astro cômico dos filmes Hora do Rush, agora em companhia de Mendes, que vinha em momento de alto prestígio depois de Mais Velozes, Mais Furiosos e Hitch.

O'Neill continuava responsável pelo roteiro, com Phil Joanou na direção -até que Gridiron Gang, de Joanou, estreou mal nas bilheterias e a Sony decidiu abandonar a ideia.

De lá o projeto foi transferido à Fox, com um novo diretor, Tom Dey, que acabara de dirigir a comédia romântica Failure to Launch.

Ao longo do caminho, Wichita havia se tornado Trouble Man. Mas os executivos da Fox queriam mais romance, e por isso contrataram novos roteiristas, entre os quais Dana Fox, cujos créditos incluem What Happens in Vegas.

Por fim, de acordo com a Studio System, uma empresa que opera um banco de dados sobre o cinema e é controlada pela New York Times Co., mais de meia dúzia de outros escritores trabalharam com O'Neill em Encontro Explosivo. Mas Tucker e Mendes desistiram, assim como Dey.

Em seguida, Diaz, que havia estrelado Jogo de Amor em Las Vegas, aceitou o projeto. E Gerald Butler se tornou o seu par romântico. Ou quase. Em reunião com os produtores, o ator anunciou que havia acabado de aceitar um convite para estrelar Caçador de Recompensas, um filme de tema parecido, no qual contracenou com Jennifer Aniston.

Isso deixou as portas abertas para Cruise, que estava se recuperando de um período de má publicidade e que, depois de seu elogiado desempenho em Operação Valquíria, estava estudando pelo menos cinco dos projetos mais quentes de Hollywood para escolher seu próximo papel.

Um dos cinco se tornou Salt, filme de ação que a Sony lançará em 23 de julho, com Angelina Jolie no papel que teria sido de Cruise. Outro dos projetos era The Tourist, agora em filmagem em Veneza com Johnny Depp e Jolie, para futuro lançamento pela Sony.

Cruise por fim decidiu aceitar Encontro Explosivo. Ou pelo menos sua ideia quanto ao filme.

Cruise costuma alterar as ideias, personagens e roteiros dos projetos em que se envolve, e desenvolve uma visão própria de linhas narrativas escritas por outros. No caso, de acordo com uma pessoa informada sobre o filme, Cruise queria sobrepor algumas ideias pessoais a Milner. Diaz também tinha algumas ideias.

E tudo isso tinha de ser administrado por Mangold, com quem Cruise havia quase trabalhado em 3:10 to Yuma, antes de deixar os papeis principais do filme para Russell Crowe e Christian Bale.

Um dos toques de Cruise em Encontro Explosivo, mostrado em um trailer, é a cena em que o personagem de Diaz gira por sobre o guidão de uma motocicleta, armada, e encara Cruise enquanto ele guia.

Na semana passada, a Writers Guild of America West ainda não havia determinado os créditos finais de roteiro do filme. Mas a Fox, ao submetê-los para arbitragem, anunciou que considera que a história foi escrita por O'Neill, com roteiro de O'Neill and Mangold - um tributo à força da história original, a despeito dos muitos roteiristas envolvidos.

Pink, de sua parte, está feliz por Hollywood ao menos ocasionalmente ainda arriscar no desenvolvimento de um roteiro original, por mais cansativo que o processo se torne.

"Você tem uma ideia", ele disse, "e é um milagre que ela um dia aconteça".

Foto: Divulgação
The New York Times
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra