'Ainda Estou Aqui' é destaque no Prêmio Platino, com três vitórias e Fernanda Torres como Melhor Atriz
Além de 'Ainda Estou Aqui', produções como 'Senna', 'Cidade de Deus: A Luta Não Para' e 'Arca de Noé' representaram o Brasil
O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, foi o grande destaque do Prêmio Platino 2025, vencendo três categorias, incluindo Melhor Filme, Direção e Atriz, marcada por um discurso de Fernanda Torres sobre democracia e arte.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, reafirmou seu protagonismo nas premiações internacionais ao conquistar três troféus na 12ª edição dos Premios Platino del Cine Iberoamericano, realizada neste domingo, 27, no Palácio Municipal IFEMA Madrid, na capital espanhola. A produção venceu nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Walter Salles) e Melhor Atriz (Fernanda Torres).
Impossibilitada de comparecer à cerimônia devido a compromissos de trabalho, Fernanda Torres foi representada pela atriz Valentina Herszage, de 27 anos, que interpretou Vera Paiva no longa. No palco, Valentina leu um discurso enviado por Fernanda.
"Eu gostaria muito de poder estar presente esta noite, mas, infelizmente, isso não foi possível devido a compromissos de trabalho. Quero dizer que é uma honra imensa receber esse prêmio. Sou fruto da cultura ibero-americana, a península Ibérica é minha segunda casa e esse reconhecimento reforça em mim o orgulho de fazer parte de uma força cultural que no cinema pariu artistas como Luis Buñuel, Pedro Almodóvar, Alejandro Iñarritu, Alfonso Cuarón, Ricardo Darín, Norma Alejandro, Penélope Cruz, Javier Barden, Marisa Paredes, de Glauber Rocha a Fernanda Montenegro", iniciou a atriz.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Na sequência, Fernanda destacou o espírito coletivo do filme: "Esse é um filme sobre uma família, feito por uma família de artistas e fico feliz de receber pelas mãos de Valentina Herszage, minha filha na ficção, que representa não só a mim aqui nesta noite, mas também ao Selton, a Luiza, a Bárbara, ao Guilherme e a Cora, sem eles, a minha Eunice jamais existiria. Eu agradeço profundamente ao Walter Salles, meu irmão, amigo e parceiro de tantas décadas, a honra de ter habitado a pele dessa mulher."
Fernanda também sublinhou a importância histórica da história contada em Ainda Estou Aqui, que aborda a ditadura militar no Brasil: "Walter é o coração desse filme raro, tão humano e delicado, sobre a brutalidade da ditadura militar do Brasil, uma das tantas que se espalharam pelas Américas no período da Guerra Fria."
Ela concluiu: "Através de Eunice Paiva revisitei o horror da ditadura que conheci em criança. Essa grande brasileira, advogada, democrata e defensora dos direitos humanos nos ensina, no momento presente, a resistir com alegria e civilidade, sem nos dobrarmos ao autoritarismo. Em nome da Família Paiva, de Marcelo Paiva, e de todo aqueles que defenderam a arte e a democracia, eu repito: ditadura nunca mais! Muito obrigada, Fernanda Torres."
Além do sucesso de Ainda Estou Aqui, o Brasil também foi reconhecido em outras categorias do Prêmio Platino. A minissérie Senna foi indicado ao prêmio de melhor criador de série, com o trabalho de Vicente Amorim, Fernando Coimbra, Luiz Bolognesi e Patricia Andrade. Já Andréia Horta foi indicada como melhor atriz em série ou minissérie por Cidade de Deus: A Luta Não Para, mas o prêmio foi para Candela Peña, da produção espanhola O Caso Asunta.
Na categoria de Melhor Filme de Animação, a coprodução brasileira Arca de Noé também esteve entre as indicadas, mas quem levou o troféu foi Mariposas Negras, parceria entre Espanha e Panamá.