Corpo do escritor Luis Fernando Verissimo é sepultado em Porto Alegre
Cronista gaúcho morreu aos 88 anos; presidente Lula decretou luto oficial de três dias no País e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tomou a mesma medida no Estado
PORTO ALEGRE - O corpo do escritor Luis Fernando Verissimo, morto neste sábado, 30, após complicações de uma pneumonia, foi sepultado no fim da tarde em Porto Alegre (RS). O caixão, coberto com uma bandeira do Internacional, foi enterrado em um mausoléu no quarto andar do cemitério São Miguel e Almas.
Depois de ser velado por cerca de cinco horas no Salão Nobre Júlio de Castilhos, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o corpo de Verissimo foi levado em um cortejo pelos oito quilômetros que separam o prédio do Parlamento gaúcho do cemitério.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de três dias em todo o País e o governador Eduardo Leite tomou a mesma medida no Estado em razão do falecimento do escritor.
"Pessoa que sempre se posicionou a favor da democracia, da soberania brasileira, por um País mais justo. Foi sempre um grande companheiro para nós do governo do presidente Lula, não à toa o presidente fez questão de manifestar isso para a família", afirmou Padilha.
Em postagem nas redes sociais, Lula citou o autor como "um dos maiores nomes de nossa literatura e nosso jornalismo", e afirmou que Verissimo, "como poucos, soube usar a ironia para denunciar a ditadura e o autoritarismo; e defender a democracia".
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, também esteve presente no velório, mas fez uma rápida passagem na Assembleia e saiu sem dar declarações para a imprensa.
Já o ex-governador e ex-ministro Tarso Genro afirmou que "Luis Fernando foi um dos grandes intelectuais do nosso tempo no Brasil". Segundo o político, Verissimo "era um escritor dotado de um fino senso de ironia, de um conhecimento enorme da literatura universal e uma paixão enorme pelo País, pelo seu povo, por aquilo que ocorria no cotidiano do povo brasileiro".
Outro ex-governador e ex-ministro que compareceu ao velório foi Olívio Dutra, que comandou o Rio Grande do Sul entre 1999 e 2003. "Um escritor com enorme sensibilidade sobre o cotidiano da vida das pessoas. Ele teve uma relação muito próxima com o povo gaúcho, com a ideia de que o ser humano é um universo em si, e ele foi debulhando esse universo em suas crônicas", disse o ex-governador.
Verissimo tinha 88 anos e estava internado no Hospital Moinhos de Vento desde o dia 17 de agosto. O escritor enfrentava complicações decorrentes de acidente vascular cerebral (AVC) e da progressão da Doença de Parkinson. Segundo o boletim médico, o escritor morreu em decorrência de uma pneumonia.
Verissimo seguiu a carreira do pai, o romancista Érico, e também traçou uma carreira literária, mas com cores bastante diferentes das do pai, bem distantes do romance histórico e realismo fantástico. Dono de um texto afiado e carregado de ironias, Luis Fernando ficou conhecido nacionalmente por narrar o cotidiano da classe média brasileira com muito humor.
Romancista, cartunista e roteirista, Verissimo integrou a redação do Pasquim, jornal que ficou célebre por atuar contra a ditadura militar. Mas foi na crônica que o gaúcho de Porto Alegre teve seus maiores destaques, escrevendo para grandes jornais do Brasil, como o Estadão, onde iniciou o trabalho como cronista em 1988.