MP de Roma rejeita reabrir inquérito sobre morte de Pasolini
Advogado disse que decisão é 'derrota para todos'
O Ministério Público de Roma recusou nesta sexta-feira (24) um pedido para reabrir o inquérito sobre a morte do cineasta Pier Paolo Pasolini, assassinado em 2 de novembro de 1975, no distrito litorâneo de Ostia.
Apresentada pelo advogado Stefano Maccioni em nome do diretor David Grieco e do roteirista Giovanni Giovannetti, a solicitação pedia investigações para determinar a origem de amostras de DNA descobertas por policiais na cena do crime em 2010.
O MP de Roma justificou a decisão com o argumento de que esses elementos "não são idôneos para permitir a ativação do procedimento de reabertura do inquérito".
Segundo o Ministério Público, a descoberta das amostras de DNA tem "natureza heterogênea quanto à tipologia e genérica quanto ao escopo".
O advogado Maccioni comentou a recusa do MP e disse que a decisão é "uma derrota para todos aqueles que acreditam que o Estado deva garantir justiça, sobretudo neste caso".
O único condenado pelo homicídio de Pasolini foi o ex-garoto de programa Giuseppe "Pino" Pelosi, morto em julho de 2017.
Menor de idade na época do crime, Pelosi disse inicialmente que matou o cineasta durante um encontro sexual frustrado, porém ele mudaria sua versão décadas mais tarde, afirmando que o intelectual foi assassinado por outras três pessoas.
No entanto, Pelosi nunca deu nenhuma pista que permitisse a identificação dos supostos autores. "É evidente que Giuseppe Pelosi não pode ser considerado o único responsável pelo homicídio. Por que nunca investigaram os motivos?", questionou Maccioni.
O pedido de reabertura também citava um depoimento dado em dezembro passado à Comissão Parlamentar Antimáfia por Maurizio Abbatino, ex-integrante da Banda della Magliana, organização já extinta e que mantinha laços com a máfia e a extrema direita italiana.
Na ocasião, Abbatino explicou que a morte de Pasolini poderia estar ligada ao furto das versões originais de algumas cenas do seu filme "Salò ou os 120 Dias de Sodoma", que ainda estava em produção e foi lançado poucas semanas depois do assassinato.
Segundo o depoimento, o cineasta havia viajado a Ostia justamente para tentar recuperar as gravações, que tinham sido furtadas pelo próprio Abbatino.