'Cinema nunca vai morrer', diz diretor italiano em São Paulo
Claudio Giovannesi apresenta no Brasil o filme 'Hey Joe'
O renomado cineasta romano Claudio Giovannesi defendeu a pluralidade nas possibilidades de acesso a filmes, como os streamings, mas assegurou que continua priorizando as telonas ao preparar seus longa-metragens.
O diretor está no Brasil para apresentar seu trabalho mais recente, "Hey Joe", em uma exibição gratuita ao ar livre no Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, como parte da programação do 20° Festival de Cinema Italiano.
"Quando faço um filme, penso no cinema", disse Giovannesi em entrevista à ANSA, referindo-se aos aspectos técnicos, como "construção das cenas, enquadramento, fotografia e sonografia", que são feitos em sintonia com "os recursos de uma sala cinematográfica".
Questionado sobre o risco de o streaming acabar com as salas de cinema, Giovannesi foi enfático: "O cinema não é apenas o lugar onde se assiste a um filme, mas uma representação artística. Assim, não irá morrer nunca".
Para ele, as diversas possibilidades de acesso à sétima arte, do "streaming a um serviço em um voo comercial", são "válidas", ainda que "a sala de cinema seja a melhor".
O diretor é conhecido por filmes como "Fiore" (2016) e "Piranhas - Os meninos da Camorra" (2019) e apresenta em São Paulo uma obra baseada na história real de um soldado americano que combateu na Itália na Segunda Guerra Mundial e voltou a Nápoles na década de 1970 para procurar um filho feito com uma italiana durante o conflito.
A história de "Hey Joe" foi contada a Giovannesi pelo roteirista Maurizio Braucci, que é napolitano e que também assina o filme. Em Nápoles, os dois foram até o famoso bairro dos Quartieri Spagnoli, onde se encontraram com contrabandistas que conheceram o americano. "É spoiler, mas a primeira coisa que eles nos falaram é que o soldado atirou em um contrabandista", afirmou o cineasta.
"Hey Joe" é protagonizado por James Franco, que vive o militar Dean Barry, e Francesco Di Napoli, que interpreta o filho italiano do soldado, Enzo.
Apesar de ter como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, o filme se concentra nas "consequências" dos combates, principalmente naqueles que não lutaram, "como mulheres e crianças", explicou Giovannesi, acrescentando que o conflito redesenhou o Ocidente" e tornou seus países, inclusive a Itália, uma "colônia econômica dos Estados Unidos".
"A Itália e outras nações, para o bem e para o mal, acabaram adquirindo muitos aspectos da cultura americana", explicou o diretor.
