Manaus quer ultrapassar as fronteiras nacionais e fazer da cidade, que é porta de entrada para a floresta, um centro cultural de destaque internacional. Para conseguir isso, vale tudo. Levar uma tribo indÃgena à feira de Hannover, um punhado de dançarinos de Parintins para se apresentar num parque francês ou mesmo sediar, em plena floresta amazônica, um festival de música eletrônica. Só este ano, o governo amazonense já garantiu a presença em 40 feiras e eventos internacionais.
Financiamento para cinema
Em maio, um comitê da Secretaria de Cultura esteve em Cannes, na Riviera francesa, para tentar atrair cineastas interessados em filmar na Amazônia.
"Já trouxemos uma produção portuguesa que está filmando nos seringais próximos a Manaus", diz o secretário de Cultura do Estado, Robério Braga.
Ele se refere ao filme A Selva, do diretor português Leonel Vieira.
Baseado no romance homônimo de Ferreira de Castro, o filme relata a epopéia dos seringueiros da Amazônia na virada do século 20. No elenco, Roberto Bonfim, Maitê Proença, Chico Dias e Claudio Marzo disputam a atenção com os atores portugueses.
"O Estado (do Amazonas) investiu 600 mil reais para viabilizar o projeto de A Selva. O dinheiro seria melhor empregado na compra de um Volpi ou de um Di Cavalcanti para a pinacoteca", reclama o amazonense Óscar Ramos, diretor de arte do filme Anaconda, com Jon Voigh e Jennifer Lopez no elenco.
Para o secretário Robério Braga, 600 mil reais é um preço muito baixo para o retorno que um filme rodado na Amazônia trará para a imagem do Estado. "Além disso, vamos transformar os cenários em atrações turÃsticas", diz.
Parintins, caboclos e óperas
Além das telas do cinema, a Amazônia também estará presente em julho em dois parques temáticos na França -- nas cidades de Tourraine e La Rochelle.
Durante dois meses a fauna, flora, artesanato, danças tÃpicas e costumes locais amazônicos serão apresentados ao público europeu por mais de 80 artistas da região de Manaus, Belém e Santarém. Já estão agendadas apresentações de boi-bumbá por músicos e dançarinos de Parintins, construções de canoas e torrefação de farinha por caboclos de Santarém e shows da banda Carrapicho, de Manaus. A fachada do Teatro Amazonas será reproduzida nos dois parques Labyrinthus, onde será possÃvel
escutar a ópera O Guarani, de Carlos Gomes.
Até as lanchonetes dos parques foram tropicalizadas: só servirão produtos "made in" Amazonas, como suco de guaraná, tapioca e tacacá.
Filarmônica excursiona
Pela primeira vez em sua história, a Amazonas Filarmônica excursionará para fora do Brasil. A orquestra, considerada uma das melhores do paÃs, vai se apresentar em 12 cidades norte-americanas a partir de setembro de 2002.
No repertório, muito Villa-Lobos e Nepomuceno. O solista convidado é o pianista brasileiro, radicado em Nova York, João Carlos Martins.
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Reuters
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