Terra pode ter se formado muito antes do que se imaginava, diz estudo
Estudo publicado na Nature Astronomy questiona a atual teoria de que os planetas não se formam até sua estrela atingir tamanho máximo
Um novo estudo, publicado ontem (23) na revista Nature Astronomy, examinou as estrelas mais antigas do universo e sugere que planetas e estrelas crescem juntos. Isso muda o que conhecíamos sobre o tempo de existência do Sistema Solar: antes pensava-se que os planetas não se formavam até que uma estrela atingisse seu tamanho máximo.
Quando o Sol se formou, há cerca de 4,6 bilhões de anos, a partir de uma nuvem de gás, os planetas estavam se formando ao seu redor. Para a autora principal do estudo, Amy Bonsor, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), nós já conhecemos muito sobre como os planetas se formam, mas uma questão central seria quando eles se formam.
“A formação do planeta começa cedo, quando a estrela-mãe ainda está crescendo, ou milhões de anos depois?”, questiona ela.
Para analisar as imagens, os pesquisadores usaram o Atacama Large Millimeter Array (ALMA), um interferômetro astronômico de 66 telescópios no deserto do Atacama, no Chile. Interferômetros são aparelhos que efetuam medidas de ângulos e distâncias a partir da interferência de ondas eletromagnéticas.
Anãs brancas: o rastro do passado
Com esse equipamento, eles conseguiram estudar as atmosferas de anãs brancas — ou seja, restos de estrelas parecidas com o Sol após o fim do seu ciclo de vida — e buscar os “planetesimais”, que nada mais são do que os blocos de construção dos planetas.
As anãs brancas examinadas são especiais porque sua atmosfera está poluída com elementos pesados como magnésio, ferro e cálcio. Para os autores, esses elementos devem ter sido deixados por asteroides que depois colidiram com as anãs brancas e derreteram suas atmosferas.
“Algumas anãs brancas são laboratórios incríveis porque suas atmosferas finas são quase como cemitérios celestes”, comenta Bonsor.
Na Terra, o ferro sofreu um processo de afundamento até o núcleo do planeta, enquanto elementos mais leves flutuam na superfície. Isso permitiu que o núcleo da Terra fosse rico em ferro, segundo os autores da publicação.
Mais rápido do que imaginávamos
Atualmente, a teoria mais aceita para a criação dos planetas é que eles começam a se formar em um disco de hidrogênio, hélio e partículas de gelo e poeira enquanto orbitam uma estrela jovem. Assim, as partículas de poeira se juntam e combinam, formando os planetesimais. Eles cresceriam até que viessem a ser asteroides ou planetas.
O estudo acrescenta mais informações a essa teoria porque sugere que os “planetesimais” se formariam quase imediatamente.
“Se esses asteroides foram derretidos por algo que existe apenas por um breve período no início do sistema planetário, o processo de formação do planeta deve começar muito rapidamente”, diz Bonsor.
Segundo a autora, o estudo complementa um consenso crescente no campo de estudos de que a formação do planeta Terra começou cedo, com os primeiros corpos se formando ao mesmo tempo que a estrela — no nosso caso, o Sol.