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Por que adolescentes ficam tanto tempo no celular? Livro busca respostas

Emily Weinstein e Carrie James reúnem em livro experiências e relatos de mais de 3.500 jovens sobre como é viver em um mundo online

10 out 2022 - 05h00
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Carrie James e Emily Weinstein, autoras do livro "Behind Their Screens"
Carrie James e Emily Weinstein, autoras do livro "Behind Their Screens"
Foto: EAW/CJ

As preocupações dos pais com a vida online de seus filhos adolescentes são muitas: o tempo excessivo dedicado às redes sociais, ou problemas mais sérios como cyberbullying (assédio online), sexting (compartilhamento de conteúdo íntimo para humilhar vítima) e ameaças.

O livro “Behind Their Screens: What Teens Are Facing (and Adults Are Missing)”, das pesquisadoras Emily Weinstein e Carrie James, tenta desvendar o que os jovens fazem no tempo que passam diante das telas de seus aparelhos. A obra tenta tirar dos adultos o foco \do “nós contra eles” no tempo da tela e adotar o caminho “nós e eles” na construção de conexões e hábitos tecnológicos saudáveis. A publicação não tem data para chegar ao Brasil.

“Os adultos parecem ter uma obsessão limítrofe com o tempo de tela, mas o foco exclusivo nesse aspecto atrapalha a ajuda aos adolescentes para desenvolver muitos dos limites e hábitos saudáveis de que precisam”, pontua Weinstein, em entrevista a Byte.

Muito além de controlar o tempo de permanência dos jovens nas redes sociais, as autoras tentam mostrar que é preciso refletir sobre como eles navegam em um mundo conectado e de que maneira é possível equilibrar segurança, empatia e tecnologia.

Nem todo jovem tem a mesma experiência online

O livro é resultado de um projeto de vários anos de pesquisas, com mais de 3.500 adolescentes, que objetiva ajudar os adultos no entendimento da natureza complicada da vida online dos adolescentes.

Integrantes do Project Zero, grupo de pesquisa da Graduate School of Education, da Universidade de Harvard (EUA), que visa entender e aprimorar o aprendizado, Emily e Carrie deram voz aos jovens para que expressassem suas opiniões, sentimentos, medos, angústias e todas as expectativas a partir do mundo conectado.

Conversar com os adolescentes deixou claro para nós que é importante ser mais específico e conversar sobre os tipos de tempo de tela que são úteis e de suporte, e os tipos de permanência que realmente interferem com outras atividades fundamentais (dormir, estudar) ou que façam com que se sintam mal", dizem as autoras.

Pais, professores e adultos em geral temem que o excesso de internet possa causar depressão e outros aspectos negativos nos jovens. Mas é preciso entender que existem pontos bons e ruins, que as experiências são diferentes para cada adolescente e nem todos estão em risco.

No livro, as autoras enfatizam que adolescentes realmente querem e precisam de certos tipos de apoio na vida online
No livro, as autoras enfatizam que adolescentes realmente querem e precisam de certos tipos de apoio na vida online
Foto: Autoras

Jovens não são viciados nas telas: isso é mito

Segundo as autoras, o projeto transforma as ideias de muitos adultos de que “os adolescentes não querem falar conosco sobre tecnologia e vida digital” ou que “se adultos não sabem o que são histórias do Instagram ou como o TikTok funciona, não têm algo a acrescentar”. Para Emily Weinstein e Carrie James, esses posicionamentos não são verdadeiros.

Entre as conclusões da pesquisa, as autoras defendem que, ao contrário das suposições de muitos adultos, os jovens não são viciados nas telas, não vivem alheios a tudo e nem perdem suas relações pessoais. “Eles estão apenas tentando navegar em um mundo em rede.”

As especialistas detectaram que os adolescentes têm a preocupação sobre uma possível dependência de seus aparelhos. Ao mesmo tempo, ficar desconectado significa estar fora do circuito social e a ausência pode ser percebida como grosseria ou uma falha em atender um amigo que precisa dele naquele momento. 

“A verdade é que os adolescentes não são os únicos autores de suas pegadas digitais. Aprendemos que mesmo as mensagens bem intencionadas de adultos sobre permanência podem amplificar a ansiedade, sem realmente dar aos adolescentes um caminho claro em termos de como gerenciar as realidades de crescer – e inevitavelmente cometer alguns erros”, dizem as autoras no livro.

Para elas, é fundamental uma mudança de comportamento dos adultos e, no lugar de emitir comandos, sinalizar para os adolescentes que entendem seus desafios

Dicas para reduzir o tempo de tela dos jovens

A Organização Mundial da Saúde fez um alerta para os riscos do uso de telas na infância e chegou a emitir diretrizes para crianças com menos de cinco anos de idade.

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) produziu o Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde para o bem-estar de crianças e adolescentes em contato constante com tecnologias.

Dados apresentados na pesquisa TIC Kids Oonline – Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), concluíram que mais de 90% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos estão conectados. O documento reúne análises para demonstrar não só os riscos à saúde do tempo de tela excessivo, mas também a chance de piorar a saúde mental e trazer problemas comportamentais, segundo os atuais critérios da Classificação Internacional de Doenças sobre dependência digital.

Fonte: Redação Byte
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