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O que é DynamoDB, EC2 e Lambda? Entenda as falhas que levaram ao apagão da Amazon

Problema na AWS derrubou sites e apps no mundo todo; entenda o que aconteceu

20 out 2025 - 15h49
(atualizado às 19h50)
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Uma falha no sistema de nuvem da Amazon Web Services (AWS) causou, nesta segunda-feira, 20, uma instabilidade global que afetou mais de mil empresas e milhões de usuários. O apagão digital já dura cerca de 10 horas e interrompe o funcionamento de aplicativos, serviços financeiros, plataformas de pagamento e jogos online em diversos países, inclusive no Brasil. Em sua comunicação, a AWS apontou para problemas no seu ecossistema digital, em três serviços pouco conhecidos das pessoas comuns: DynamoDB, EC2 e Lambda.

De acordo com a AWS, o problema teve origem nos servidores da região US-EAST-1, no norte da Virgínia, EUA, área com a maior concentração de data centers do mundo. É lá que estão instalados os principais sistemas de armazenamento e processamento da empresa, usados por companhias do mundo todo devido ao custo mais baixo. No entanto, ainda não é possível saber se o problema foi um ciberataque ou um problema de técnico, ou falha de outra natureza.

Falha na AWS deixa milhares de apps e sistemas fora do ar, entenda o que aconteceu
Falha na AWS deixa milhares de apps e sistemas fora do ar, entenda o que aconteceu
Foto: Alice Labate/Estadão / Estadão

A interrupção começou pela manhã e atingiu aplicativos como Alexa, Snapchat, PicPay, Fortnite e Roblox. Segundo o site Downdetector, após uma melhora, as queixas voltaram a crescer, com relatos de falhas também em serviços brasileiros como iFood, Stone, Wellhub e OLX.

A seguir, entenda as falhas que causaram a queda global da AWS.

DynamoDB

O DynamoDB é um dos principais serviços da infraestrutura da AWS. Ele funciona como um banco de dados não relacional, criado pela própria Amazon para armazenar e acessar grandes quantidades de informação de forma rápida.

Nos bancos de dados tradicionais, as informações ficam organizadas em tabelas com linhas e colunas, como em uma planilha. Já o DynamoDB trabalha de um jeito diferente: ele guarda os dados em pares de "chave" e "valor", como se cada informação tivesse um nome e um conteúdo associado a ele. Isso permite mais flexibilidade para armazenar diferentes tipos de dados, sem precisar seguir um formato fixo.

Outra vantagem é que o DynamoDB se ajusta automaticamente ao volume de acessos. Quando muita gente usa um aplicativo ao mesmo tempo, o sistema distribui o processamento entre vários servidores da Amazon, mantendo a velocidade das respostas. É por isso que ele é usado em serviços que precisam funcionar 24 horas por dia, como redes sociais, jogos online e plataformas de pagamento.

Segundo o professor Jéferson Campos Nobre, do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o DynamoDB funciona como uma espécie de suporte invisível para outras aplicações. "Esse banco de dados é utilizado por diferentes serviços e aplicativos. Quando há uma falha nele, o impacto se espalha, porque muitas aplicações dependem desse mesmo serviço compartilhado", explicou ao Estadão.

Na prática, o DynamoDB guarda informações que precisam ser acessadas com frequência, como configurações de software, dados de login, preferências de usuário e registros de sessão. Ele serve como uma camada intermediária entre os aplicativos e outros sistemas da AWS, garantindo que o fluxo de dados seja constante. Quando ocorre uma instabilidade, o efeito é em cascata: os serviços que dependem dele não conseguem consultar ou atualizar informações, e isso causa lentidão ou paralisação em plataformas inteiras.

De acordo com a Amazon, a falha desta segunda-feira teve origem em um problema no DNS, o sistema que traduz endereços de sites em números IP, que são os endereços reais das máquinas na rede. Sem essa tradução, os servidores não conseguem localizar corretamente o banco de dados, o que impede o funcionamento das aplicações conectadas a ele.

O professor Julio Chaves, da FGV EMAp, reforçou ao Estadão que o incidente não foi causado por ataque cibernético, mas por um erro técnico. "Foi um problema de resolução de domínio. Como o DynamoDB é amplamente utilizado, a falha se espalhou rapidamente entre os serviços que dependem dele", afirmou. Segundo ele, a popularidade e o baixo custo do serviço contribuem para que milhões de empresas utilizem o DynamoDB, o que aumenta o impacto quando ocorrem instabilidades.

EC2

O EC2 (Elastic Compute Cloud) é outro serviço da AWS, que permite que empresas criem e usem servidores virtuais sob demanda, sem precisar de máquinas físicas. Cada servidor virtual é chamado de "instância", e é a base para manter sites e aplicativos no ar.

"Quando uma empresa precisa de mais poder computacional, ela cria uma nova instância EC2", explicou Wilson Horstmeyer Bogado, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e arquiteto de soluções da AWS ao Estadão. "O problema é que, quando esse serviço falha, as requisições se acumulam e geram lentidão em cascata."

Durante o apagão desta segunda-feira, a AWS informou que estava enfrentando dificuldades na criação de novas instâncias EC2, o que afetou apps que precisavam expandir ou atualizar seus servidores. Para conter o problema, a empresa adotou medidas de mitigação, como enfileirar requisições e deixar o processamento mais lento, evitando sobrecarga.

Essas instâncias são usadas por companhias de todos os tamanhos para hospedar sites, processar pagamentos e rodar sistemas internos. Quando o EC2 falha, o impacto se espalha rapidamente por setores diversos, da logística ao entretenimento.

Lambda

O Lambda é um serviço da Amazon que permite rodar códigos sem precisar manter um servidor ligado o tempo todo. Em vez de deixar um computador dedicado funcionando para executar programas, o Lambda ativa automaticamente pequenas funções (pedaços de código) sempre que algo acontece.

Por exemplo: quando um usuário envia uma foto para um site, o Lambda pode ser acionado para criar automaticamente uma versão menor da imagem. Ou, quando um aplicativo precisa atualizar uma informação, o Lambda entra em ação para fazer essa tarefa em segundos.

Essa tecnologia é chamada de "computação sem servidor" porque o desenvolvedor não precisa se preocupar com o servidor físico, a AWS cuida de tudo nos bastidores, executando o código só quando necessário. Isso torna o sistema mais econômico e eficiente, já que o processamento só acontece quando há uma ação a ser feita.

"O Lambda permite que se use a nuvem sem precisar gerenciar servidores. Você escreve uma função, faz o upload e ela roda automaticamente quando algo acontece", disse o professor Jéferson Campos Nobre. Esse modelo reduz custos e torna o sistema mais ágil.

No entanto, quando ocorrem falhas, o mecanismo pode entrar em colapso. "As funções começam a falhar e o sistema tenta reexecutá-las, o que sobrecarrega tudo e torna a operação quase impraticável", explicou Bogado. Por isso, a AWS adota mecanismos para limitar a quantidade de requisições simultâneas e evitar uma sobrecarga ainda maior.

Julio Chaves destacou que o Lambda é uma peça central na estratégia de economia de recursos da AWS. "É a forma mais eficiente e barata de usar a nuvem. Mas, justamente por ser tão popular, quando algo dá errado, o impacto é enorme, todo mundo está usando ao mesmo tempo".

Em grandes plataformas, o Lambda é usado em funções rotineiras, como o envio de notificações, atualização de dados e processamento de imagens. Quando o serviço falha, até pequenas tarefas do dia a dia digital podem parar.

Por que a falha afetou o mundo todo?

Os problemas começaram na região US-EAST-1, no norte da Virgínia, nos EUA, onde está concentrada a maior parte dos data centers da AWS. A escolha dessa área não é por acaso: além de infraestrutura de ponta, a região oferece incentivos fiscais e energia mais barata.

"Essa é a região mais barata do mundo para usar serviços de nuvem", afirmou Chaves. "Ela tem isenções fiscais que reduzem os custos em até 30% em relação a outras localidades, como o Brasil. Por isso, muitas empresas optam por hospedar seus sistemas lá".

Wilson Bogado reforçou que o local abriga a primeira e mais importante região da AWS. "Foi onde a empresa começou suas operações em nuvem, há mais de uma década. É a área com maior capacidade computacional e, portanto, a mais usada", disse.

A alta concentração de clientes, porém, torna a região vulnerável a sobrecargas. Quando há uma falha técnica, como a registrada nesta segunda-feira, os efeitos são maiorese atingem empresas do mundo todo. A Amazon informou que os engenheiros trabalham para restaurar a normalidade e revisar os protocolos de atualização de software para evitar novos apagões.

Estadão
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