Musk diz que pode retirar oferta da OpenAI, mas apenas se empresa cumprir suas condições
Bilionário alega que só vai retirar a proposta se a OpenAI cancelar o processo de se tornar uma empresa lucrativa
Um dos advogados de Elon Musk apresentou um documento judicial nesta quarta-feira, 12, onde afirmava o compromisso do bilionário em retirar sua oferta de US$ 97,4 bilhões pela entidade sem fins lucrativos da OpenAI se o conselho da criadora do ChatGPT "preservar sua missão de instituição de caridade" e interromper a conversão da empresa para um modelo com fins lucrativos.
A petição, submetida ao Tribunal Distrital dos EUA (especificamente na jurisdição do Distrito Norte da Califórnia) alega que a proposta de Musk para comprar a OpenAI é "séria" e que a organização "deve ser compensada pelo que um comprador independente pagaria por seus ativos".
"Caso os ativos da entidade sejam colocados à venda, um consórcio liderado por Musk apresentou uma proposta séria, que será direcionada à instituição para promover sua missão", afirma o documento. "[No entanto, se] o conselho da OpenAI estiver disposto a preservar a missão da entidade e concordar em retirar a empresa do mercado, interrompendo sua conversão, Musk retirará a proposta."
Essa nova petição é o mais recente desdobramento de uma saga que começou na segunda-feira, dia 10, quando Musk junto com sua própria companhia de IA, a xIA, e um grupo de investidores ofereceram US$ 94,7 bilhões para comprar a entidade sem fins lucrativos que administra efetivamente a OpenAI.
Fundada em 2015, a OpenAI nasceu como uma organização sem fins lucrativos para desenvolver inteligência artificial (IA) de código aberto. Mas isso não se concretizou: hoje todos os modelos da OpenAI têm código fonte fechado. O plano de reestruturação do negócio começou em setembro de 2024 com a ideia de atrair mais investidores e aumentar sua competitividade no mercado.
Em defesa da estratégia da companhia, seus advogados apresentaram um documento judicial, também na quarta-feira, 12, onde classificaram a tentativa de Musk em assumir o controle da OpenAI como "uma oferta indevida para minar um concorrente".
O processo de conversão da empresa ainda deve se alongar, até porque ele envolve duas jurisdições. A OpenAI precisa que os procuradores-gerais da Califórnia, onde é sediada, e de Delaware, onde é registrada legalmente, aprovem o movimento.
Bastidores
Apesar do documento que afirma a real intenção de Musk em comprar a OpenAI, a tese de que o bilionário quer provocar tanto Sam Altman quando a própria empresa não deve ser descartada. Afinal, Musk já comprou uma empresa na qual tinha divergências com os antigos administradores: o Twitter, que o transformou em X.
O CEO da OpenAI recebeu a notícia de que Musk enviou uma proposta pela companhia durante um jantar com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D Vance - e usou o X para respondê-la: "Não, obrigado, mas podemos comprar o Twitter por US$ 9,74 bilhões, se quiser". A provocação de Altman fez questão de deixar clara a desvalorização sofrida pela rede social que foi comprada por Musk em 2022 por US$ 44 bilhões.
Mesmo que o dono do X seja o chefão tech mais próximo ao presidente Donald Trump, é justamente uma medida governamental que intensificou a briga entre ele e Sam Altman.
Um dos primeiros anúncios do republicano foi o projeto Stargate, um investimento de US$ 500 bilhões para construir uma infraestrutura de inteligência artificial com apoio da OpenAI, Oracle e SoftBank. Além disso, a Microsoft é uma das parcerias tecnológicas da empreitada. Por coincidência, a empresa de Satya Nadella é hoje a maior aliada comercial da desenvolvedora de IA.
