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Iniciativas independentes usam robôs contra "indústria" das fake news

Organizações têm usado até bots para ajudar na identificação e checagem da desinformação compartilhada nas plataformas

18 set 2022 - 05h00
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Celular, celulares, smartphone, vício em telefone, redes sociais
Celular, celulares, smartphone, vício em telefone, redes sociais
Foto: Jason Goodman / Unsplash

Um dos grandes desafios atuais nas redes sociais é lidar com a "indústria" da desinformação e as fake news, principalmente nas eleições deste ano no Brasil. As plataformas têm atuado para reduzir seu alcance, embora as ações até aqui sejam consideradas insuficientes. É nesse contexto que páginas e iniciativas independentes de checagens estão desempenhando um papel crucial, usando muita contra-informação e até bots (robôs de conversas) para combater a desinformação online.

No entanto, organizações de checagem como Agência Lupa e Aos Fatos, ou ferramentas inteligentes como BotPonto ou FakeCheck, enfrentam limitações próprias do momento. Nem sempre seu trabalho terá o mesmo alcance que a fonte da desinformação. Além disso, quando as correções chegam às pessoas, podem não ter o efeito desejado, uma vez que nem todos confiam ou entendem os critérios de checagem.

Ivan Paganotti, professor da pós-graduação de Comunicação Social na Universidade Metodista de São Paulo, acredita que responsabilizar apenas as empresas de redes sociais pela desinformação não é o meio certo de combatê-la.

“Não é possível garantir que somente conteúdos verdadeiros vão circular em plataformas digitais ou em qualquer outro espaço. Seria até problemático a gente passar um poder tão grande para os responsáveis por essas plataformas, de definir o que é verdade ou não, o que pode ou não circular”, afirma Paganotti.

Por isso, o pesquisador resalta a importância das checagens independentes — algumas delas, inclusive, realizam parcerias com as plataformas e com órgãos públicos. “Elas fazem um esforço grande e têm uma boa contribuição para garantir que as melhores informações circulem, ou seja, aquelas que são mais bem embasadas”, comenta o professor.

O período eleitoral pode representar um desafio maior para os checadores. Primeiramente, porque há uma grande demanda e também oferta de informações sobre o tema. “Tem muita gente produzindo conteúdo político. Durante a eleição, isso é uma indústria”, diz Paganotti. 

Homem segura celular, smartphone, telefone, fake news
Homem segura celular, smartphone, telefone, fake news
Foto: Freepik

Bot checa mentiras em vídeos

Uma dessas iniciativas é o BotPonto, robô criado pelo Núcleo Jornalismo para identificar possíveis fake news em vídeos postados no YouTube. Ele monitora canais e palavras-chave, ajudando jornalistas a encontrar de maneira mais rápida e prática conteúdo que, provavelmente, merece ser verificado.

O bot "escuta" atentamente todos os dias vídeos de cerca de 100 canais do YouTube para encontrar palavras-chave que podem indicar conteúdo potencialmente desinformativo sobre política e eleições.

A partir desse monitoramento, o BotPonto tuíta automaticamente um link com o ponto exato no vídeo em que os termos foram ditos, para facilitar o processo de checagem e economizar tempo de jornalistas e pesquisadores. "Em vez de assistir vídeo por vídeo e gastar horas de apuração, os jornalistas vão direto ao ponto que interessa", diz Jade Drummond, gerente de estratégia do Núcleo Jornalismo.

Desde o lançamento da ferramenta, em 11 de agosto, ela já encontrou mais de 2 mil vídeos que mencionam termos potencialmente desinformativos. Dentre esses, os que foram mais mencionados nos vídeos, no último mês, foram “Alexandre de Moraes”, “Sete de Setembro” e “STF”.

Além do BotPonto, o Núcleo Jornalismo também administra outro robô focado no combate à desinformação. O BedelBot monitora os canais oficiais no Telegram dos candidatos à presidência, enviando alertas quando encontra mensagens editadas, apagadas ou posts virais.

“[O Telegram] tem como característica ser uma plataforma que permite falar para a própria bolha, aumentando a chance de conteúdos mais extremistas e, assim, muito importante de ser monitorada com atenção”, salienta Drummond.

E-farsas, um clássico contra boatos

Outro exemplo de trabalho de checagem é o projeto E-farsas, coordenado por Gilmar Lopes, que verifica boatos de temas gerais na internet. O site começou como um hobby em 2002 e hoje recebe cerca de 150 pedidos diários de checagem.

Antes de começar o trabalho de verificação, Lopes confirma se o conteúdo está de fato viralizando. Depois, faz buscas na internet ou recorre a livros, revistas e jornais para checar a informação. Em alguns casos, chega a entrar em contato com as pessoas envolvidas com a notícia.

“Apenas publico no site quando tenho certeza e, eventualmente, faço atualizações nos artigos quando surgem novos dados a respeito”, diz.

“Agora, com a proximidade das eleições, a quantidade [de conteúdo desinformativo] mais que quintuplicou. Tanto contra esse ou aquele político, quanto em relação às urnas eletrônicas e o processo eleitoral”, afirma Lopes. “Os criadores de fake news costumam se aproveitar do assunto do momento para engajar seus conteúdos de desinformação.”

Fake news, desinformação, notícias falsas, redes sociais, ansiedade
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Foto: charlesdeluvio / Unsplash

O desafio da desinformação eleitoral

Uma grande dificuldade do período eleitoral é que a velocidade da verificação é menor que a produção da desinformação. “É uma corrida difícil de se competir, porque a disseminação de fatos falsos é mais rápida e consegue atrair mais a atenção das pessoas por trazer informações que são absurdas, surpreendentes, chocantes, enquanto a checagem de fatos é mais ponderada”, afirma o professor Ivan Paganotti.

Ele cita, ainda, um último desafio: com ânimos agitados, candidatos ou militantes podem judicializar conflitos ou mesmo ameaçar jornalistas. “Um jornalista fazendo verificação de fatos nesse período está no front de batalha e pode ser vítima desse processo”, diz Paganotti.

Além do Núcleo Jornalismo e do E-farsas, outros projetos (incluindo produção de conteúdo jornalístico e bots) têm ganhado espaço nas redes sociais. Conheça mais três iniciativas que podem auxiliar na detecção de fake news.

Agência Lupa

A Lupa é uma agência de checagem que atua tanto em atividades jornalísticas (analisando reportagens, por exemplo) quanto educacionais, promovendo ações para sensibilizar o público a respeito dos riscos da desinformação. 

Em sua conta no Twitter, a agência tem publicado checagem de falas de candidatos e desmentido fake news sobre eles e seus apoiadores. Ela também possui um bot no WhatsApp que pode ser usado para sugerir checagens.

Aos Fatos

A agência Aos Fatos publica em seu portal e redes sociais a checagem de falas de candidatos e de posts de conteúdo eleitoral ou partidário. Ela também produz conteúdo informativo sobre outros temas, como vacinas e tratamentos para a covid-19.

Em seu site, a agência informou, na quarta-feira (14), que encontrou, nos últimos sete dias, 23,6 mil publicações consideradas de baixa qualidade a respeito das eleições presidenciais. Ela também possui um bot no WhatsApp chamado Fátima, para sugerir checagens ou conferir as últimas que foram publicadas.

FakeCheck

O FakeCheck é uma plataforma que usa inteligência artificial para verificar se um texto pode ter informações falsas. Criada por dois alunos e um professor da USP (Universidade de São Paulo), a ferramenta analisa características da escrita (como vocabulário e classes gramaticais mais usadas) por meio de um modelo de aprendizado de máquina, que classifica a mensagem como verdadeira ou falsa.

Para usar o FakeCheck, basta colar um texto de no mínimo 100 palavras no portal ou no bot do WhatsApp. Os criadores da ferramenta recomendam não usá-la como única fonte de checagem, mas como um apoio.

Fonte: Redação Byte
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