Múmia egípcia morreu durante o parto com bebê preso na pelve
Tomografias computadorizadas em uma adolescente egípcia que morreu ao dar a luz revelou a presença de gêmeos, mas um parto pélvico impediu nascimento de ambos
Cientistas analisaram uma múmia grávida adolescente de mais de 2.500 anos atrás que morreu no parto e descobriram algo inusitado — ela estava, na verdade, carregando gêmeos. Tanto a jovem mãe quanto ambos os bebês faleceram no processo de dar à luz quando o primeiro filho acabou preso no canal de parto, mas a segunda criança só foi notada pela ciência com métodos modernos de escaneamento, ficando escondida por décadas.
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A egípcia tinha entre 14 e 17 anos quando faleceu, segundo Francine Margolis, pesquisadora da Universidade de Washington, e David R. Hunt, médico americano, autores do estudo sobre os restos mortais das vítimas. Elas estavam enterradas no cemitério de El Bagawat, no oásis de Kharga, e foram encontradas originalmente em 1908. Registros dos descobridores citavam apenas a presença de um feto e uma placenta entre as pernas da mãe mumificada, concluindo que complicações obstétricas a teriam levado a óbito.
Mumificação pós-parto
Mais de 100 anos depois da descoberta dos restos mortais, tecnologias mais modernas permitiram um estudo mais aprofundado, descobrindo até mesmo a causa da morte. Tomografias computadorizadas mostraram o surpreendente segundo feto descansado na cavidade torácica da adolescente, indicando uma gravidez de gêmeos.
Notou-se, também, que o bebê posicionado entre as pernas da mulher estava sem a cabeça, que foi encontrada ainda alojada na pelve da mãe. O feto, então, teria sido decapitado durante o nascimento, provavelmente por estar na posição sentada (bebê pélvico) e iniciado o processo do parto a partir dos pés.
Quando isso acontece, alguns bebês podem ter a cabeça afastada do corpo, dificultando a passagem pelo canal de parto. Isso, segundo os autores, pode levar a uma decapitação traumática do feto, o que deve ter ocorrido na situação da antiga múmia e levado à sua prematura morte.
Os cientistas ainda concluem que os embalsamadores não sabiam do segundo bebê, e devem ter realizado o processo de mumificação sem remover o corpo do interior da mãe. Após o diafragma da jovem ser dissolvido, o feto teria se movido para cima, saindo do útero e chegando à cavidade torácica.
A gravidez e o trabalho de parto eram procedimentos complicados no mundo antigo, e a ocorrência de gêmeos era altamente indesejada no Egito da época, até mesmo combatida com encantamentos e feitiços. Um papiro do Decreto Oracular dos Amuletos, por exemplos, diz que "devemos deixá-la [a grávida] livre de um nascimento de Hórus, nascimento irregular ou gestação de gêmeos".
Fonte: International Journal of Osteoarchaeology
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