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Quais seriam as consequências de armas nucleares espaciais?

Especialistas estão preocupados com a possibilidade de que armas nucleares sejam enviadas ao espaço. Quais seriam as possíveis consequências para o planeta?

29 mar 2024 - 07h00
(atualizado às 16h06)
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A notícia de que a Rússia estaria desenvolvendo uma arma nuclear espacial para inutilizar satélites trouxe uma série de reflexões. Especialistas de segurança espacial discutem os impactos de tais armas não somente no cenário geopolítico, mas também no acesso à órbita terrestre.

Foto: DARPA / Canaltech

No início do ano, um relatório apresentado ao Congresso dos Estados Unidos revelou fotos dos fragmentos de um satélite destruído pela Rússia, trazendo preocupações sobre o suposto projeto de armas espaciais. O Conselho de Segurança Nacional estadunidense, no entanto, enfatizou que não há ameaça imediata à segurança.

Apesar da declaração que descarta uma ameaça imediata, especialistas em defesa alertam para os riscos a longo prazo. Também há certa preocupação com os planos da Rússia em levar um reator de energia nuclear para o espaço.

Mas quais são as reais possibilidades de tecnologias como essas causarem algum estrago? Armas antissatélites são preocupantes? O que impede um país de criar armas de destruição em massa na órbita terrestre?

Armas antissatélites

Vários países, incluindo EUA, Rússia, China e Índia, já realizaram testes de armas antissatélite e destruíram seus próprios aparelhos em órbita. Todos foram alvo de críticas, já que os detritos liberados pela operação podem colocar em risco outros satélites, e até mesmo os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional.

As tecnologias utilizadas nesses testes são capazes de destruir apenas um alvo por vez, o que pode não ser tão prático em tempos de grandes constelações, como a Starlink, da SpaceX. Por isso, a ideia de construir uma arma nuclear espacial capaz de destruir redes inteiras pode ser tentadora.

Regras internacionais proíbem a colocação de armas indiscriminadas (que podem ter alvos não militares ou cujos efeitos não possam ser controlados) no espaço, o que inclui qualquer tipo de dispositivo de destruição. Os países sabem disso e qualquer decisão nesse sentido vai levar em conta as consequências de violar leis internacionais.

Ilustração de uma arma conceitual que poderia ser usada para atingir alvos com precisão na Terra (Imagem: Reprodução/Comando Espacial dos Estados Unidos)
Ilustração de uma arma conceitual que poderia ser usada para atingir alvos com precisão na Terra (Imagem: Reprodução/Comando Espacial dos Estados Unidos)
Foto: Canaltech

Os especialistas sabem que a Rússia valoriza seu papel na governança espacial, ao lado dos EUA, China e União Europeia. Violar os acordos estabelecidos em 1967 colocaria o país como pária internacional, deixando quase todo o protagonismo na economia espacial para os norte-americanos.

Talvez a Rússia esteja desenvolvendo uma arma antissatélite baseada em pulso eletromagnético (EMP) em vez de uma arma nuclear, sem que o direito internacional seja violado e sem representar riscos a qualquer alvo terrestre. Por outro lado, o problema do lixo espacial poderia crescer em níveis alarmantes.

Destroços em órbita

Mesmo que não sejam nucleares e tenham apenas alvos militares, as armas antissatélites podem ser consideradas indiscriminadas devido ao campo de destroços que criam. Ao destruir qualquer alvo espacial, um punhado de detritos seriam arremessados, dando início a um efeito cascata conhecido como síndrome de Kessler.

A síndrome de Kessler é um cenário imaginário (mas muito possível) no qual o volume de detritos espaciais em órbita atinge níveis alarmantes. Em um determinado ponto, os objetos inutilizados causariam colisões, gerando detritos que por sua vez se chocariam com mais lixo espacial, e assim por diante.

Essa reação em cadeia se tornaria incontrolável e tornaria a órbita baixa da Terra inacessível, impedindo lançamentos de foguetes e novas missões espaciais. Os próprios satélites atualmente em órbita estariam condenados e a humanidade levaria décadas para resolver o problema.

Fonte: The Verge

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