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"Jato gigante" acima das nuvens é mapeado em 3D pela primeira vez

Descarga elétrica subiu 80 km acima das nuvens em uma tempestade no Oklahoma, e foi observada por diferentes instrumentos

9 ago 2022 - 18h12
(atualizado às 21h09)
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Pela primeira vez os cientistas conseguiram mapear tridimensionalmente um tipo de descarga elétrica acima das nuvens conhecido como "jato gigante" A descarga subiu cerca de 80 km rumo ao espaço e forneceu informações valiosas sobre esse tipo de fenômeno.

A descarga ocorreu em uma tempestade em Oklahoma e foi o jato gigante mais poderoso estudado até agora — tinha 100 vezes mais carga elétrica do que um relâmpago típico. Foram cerca de 300 coulombs (unidade de carga elétrica) enviados à ionosfera, contrastando com os menos de cinco coulombs observados em relâmpagos comuns.

"Conseguimos mapear esse jato gigante em três dimensões com dados de alta qualidade", disse Levi Boggs, pesquisador do Georgia Tech Research Institute (GTRI) e autor correspondente do artigo. Boggs destacou que fontes de frequência muito alta (VHF) acima do topo da nuvem foram observadas em detalhes nunca vistos antes.

Segundo o pesquisador, estes dados "confirmaram definitivamente o que os pesquisadores suspeitavam, mas ainda não provaram: que os ondas VHF do relâmpago são emitidas por pequenas estruturas chamadas streamers, que estão na ponta do relâmpago em desenvolvimento, enquanto a corrente elétrica mais forte flui significativamente por trás dessa ponta em um canal eletricamente condutor".

Além disso, o mapeamento também mostra que os streamers, uma espécie de serpentina relativamente fria, iniciam sua propagação logo acima do topo da nuvem, entre 80 e 95 km, "fazendo uma conexão elétrica direta entre o topo da nuvem e a ionosfera inferior", explica Boggs. Essa conexão transfere milhares de amperes de corrente em cerca de um segundo.

Cientistas ainda não sabem exatamente porque essas cargas elétricas são lançadas ao espaço na forma de jatos gigantes. Eles desconfiam que algo bloqueia o fluxo de carga negativa das nuvens para baixo (ou em direção a outras nuvens), "obrigando" a concentração elétrica a subir para a ionosfera.

Atualmente, não há um sistema de observação específico para procurar pelos jatos gigantes acima das nuvens, por isso as detecções são raras. O evento de Oklahoma foi fotografado por um cientista cidadão com uma câmera, em 14 de maio de 2018. Felizmente, a tempestade ocorreu próximo a um sistema de mapeamento de raios VHF e de dois radares meteorológicos de próxima geração.

Uma vez que os dados desses sistemas estavam disponíveis, Boggs e seus colegas trabalharam para reuni-los e construir o mapeamento tridimensional, que deve ser útil para resolver alguns dos mistérios sobre esses jatos gigantes.

O estudo foi publicado no Science Advances.

Fonte: Instituto de Tecnologia da Geórgia; via: Phys.org

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