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Cientistas criam primeiro 'líquido magnético', que pode revolucionar a medicina

Um grupo de cientistas dos EUA criou o primeiro 'ímã líquido'. As possíveis aplicações vão desde o combate ao câncer até a robótica

22 jul 2019 - 18h14
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A nova descoberta permite atacar as células doentes de forma mais eficaz
A nova descoberta permite atacar as células doentes de forma mais eficaz
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A ciência nunca tinha criado um material que fosse ao mesmo tempo líquido e com propriedades magnéticas.

Agora, um grupo de cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (mais conhecido como Berkeley Lab), nos EUA, conseguiu combinar as duas coisas em um material - e as possíveis aplicações são inúmeras.

A equipe, liderada pelos cientistas Tom Russell e Xubo Liu, usou uma impressora 3D modificada para criar a substância.

A pesquisa "abre a porta para uma nova área na ciência da matéria branda magnética", disse Russell, que é professor de ciência de polímeros e engenheiro da Universidade de Amherst, em Massachussets, nos EUA.

Em termos concretos, a substância pode provocar uma verdadeira revolução em campos como a medicina e a robótica.

As gotas líquidas magnéticas podem ser guiadas por meio de ímãs externos - o que permitiria "guiar", do lado de fora, medicamentos dentro do corpo humano. Este procedimento permitiria combater melhor doenças específicas - como o câncer, por exemplo.

No campo da robótica, o novo material permitiria a criação de máquinas mais ágeis.

"Esperamos que a partir desta descoberta as pessoas encontrem ainda mais aplicações. Já que, dentro da ciência, nunca se pensou que isto fosse possível", disse Russell.

A equipe de pesquisadores está confiante de que novas aplicações surgirão para o invento
A equipe de pesquisadores está confiante de que novas aplicações surgirão para o invento
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Precedentes

Na década de 1960, a agência espacial dos EUA, a Nasa, começou a empregar substâncias chamadas de "ferrofluidos" - líquidos que reagiam ao estímulo de forças magnéticas.

Hoje, os ferrofluidos são usados para amortecer impactos em alguns tipos de autofalantes e os discos rígidos de computadores.

Os ferrofluidos perdem sua capacidade magnética quando o estímulo que o alimenta é removido
Os ferrofluidos perdem sua capacidade magnética quando o estímulo que o alimenta é removido
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O problema é que eles são incapazes de manter o seu magnetismo quando os imãs que os estimulam são removidos.

E esta é a principal vantagem da nova criação dos americanos do Berkeley Lab, ligado ao Departamento de Energia do governo dos EUA.

Como a nova substância foi obtida?

Para criar o magnetismo, os cientistas do Berkeley Lab primeiro produziram algumas gotas de uma solução de ferrofluido que também continha nanopartículas de óxido de ferro.

O Berkeley Lab irá aprofundar as investigações
O Berkeley Lab irá aprofundar as investigações
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Depois, usaram técnicas atômicas avançadas e uma bobina magnética, fizeram com que as nanopartículas de óxido de ferro assumissem o formato de "pequenas conchas maciças". Uma vez que o estímulo magnético era retirado, estas "conchinhas" continuavam gravitando umas em torno das outras de forma uníssona. Ou seja, as gotículas de ferrofluido tinham se tornado magnéticas de forma permanente.

Pela primeira vez, uma equipe de cientistas conseguiu manter o campo magnético de um líquido mesmo depois que o estímulo foi removido
Pela primeira vez, uma equipe de cientistas conseguiu manter o campo magnético de um líquido mesmo depois que o estímulo foi removido
Foto: YouTube / Berkeley Lab / BBC News Brasil

Os cientistas também comprovaram que estas "gotas" mantinham suas propriedades atrativas mesmo depois de serem divididas até o tamanho de um "pelo humano".

Outras propriedades dessas gotas incluem a mutação de suas formas para se adaptar a qualquer ambiente e a possibilidade de "ativar e desativar o modo magnético".

Uma vez que as fundações foram lançadas, a pesquisa continuará com a impressão 3D de fluidos magnéticos mais complexos, como células ou robôs em miniatura que podem se mover com fluidez para transportar medicamentos para células doentes dentro do corpo humano.

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