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Estudo revela que jiboia não mata a presa por sufocamento

Cientista descobriram que cobra mata a vítima cortando a circulação de sangue em seu corpo

23 jul 2015 - 12h41
(atualizado às 21h56)
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Ao analisar o comportamento das jiboias, cientistas americanos acabaram por derrubar o mito de que os répteis sufocam suas vítimas até a morte. Os pesquisadores monitoraram o batimento cardíaco e a pressão sanguínea de ratos imobilizados pelas cobras e perceberam que o golpe fatal aplicado pelos répteis limita a circulação do sangue das presas, interrompendo o fornecimento de oxigênio a seus órgãos vitais.

Cientistas que estudam o aperto dado pelas cobras dizem que ele é forte o suficiente para afetar a circulação sanguínea
Cientistas que estudam o aperto dado pelas cobras dizem que ele é forte o suficiente para afetar a circulação sanguínea
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Segundo os cientistas do Dickinson College, na Pensilvânia, essa "parada circulatória" é um método muito mais eficaz, rápido e definitivo de matar a presa do que se esperava.

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O líder da equipe de cientistas, Scott Boback, explicou que a interrupção do abastecimento de sangue ao cérebro faz com que os ratos "percam os sentidos em poucos segundos".

Aperto fatal

Os cientistas resolveram monitorar o organismo das presas durante o aperto fatal para poderem melhor avaliar a extensão dos estragos causados aos tecidos humanos por um esmagamento.

Mas, inicialmente, o objetivo da equipe de Scott Boback era saber como e por que as jiboias, em seu processo evolutivo, desenvolveram essa técnica de matar as presas. "O que acho fascinante é que a única coisa que todas as cobras têm para agarrar suas presas é a boca," disse Boback. "Elas (as cobras constritoras) têm que manter um animal potencialmente perigoso bem próximo de sua boca. E este animal está lutando por sua vida, portanto, se tiver oportunidade, irá arrancar um pedaço da cobra."

Cientistas monitoraram o fluxo sanguíneo das vítimas e constataram que o aperto das jiboias interrompe a circulação
Cientistas monitoraram o fluxo sanguíneo das vítimas e constataram que o aperto das jiboias interrompe a circulação
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Os cientistas perceberam que para monitorar essa batalha de vida ou morte teriam que registrar o exato momento em que a presa perde sua vida. Eles deram às cobras ratos de laboratório anestesiados, inconscientes, e monitoraram as artérias e o coração dos animais à medida que eram esmagados.

Como parte do estudo, eles colheram amostras do sangue dos roedores antes e depois de serem esmagados até a morte e perceberam que ocorriam mudanças na sua composição química.

Isquemia

Os cientistas puderam então concluir que o aperto interrompia o fluxo de sangue e, em consequência, o fornecimento de oxigênio aos órgãos. E essa falta de oxigênio, conhecida como isquemia, destrói rapidamente os tecidos que compõem o cérebro, o fígado e o coração. "Se a cobra estiver enrolada no peito da vítima, o aperto também vai limitar a respiração", disse o doutor Boback. Mas ele acrescentou que "a interrupção do fluxo sanguíneo irá matar a vítima mais rapidamente". Portanto, disse ele, "esse deve ser considerado um método mais preciso e eficaz de causar a morte".

Ao contrário do que se pensava, as vítimas das jiboias não são mortas por sufocamento
Ao contrário do que se pensava, as vítimas das jiboias não são mortas por sufocamento
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Esta é a primeira vez que a parada circulatória foi testada por meio da medição feita no corpo das vítimas das cobras. Há mais de 20 anos que o especialista Brad Moon, da Universidade da Louisiana, se dedica ao estudo dos movimentos das cobras constritoras.

Segundo ele, o aperto aplicado às vítimas pelas cobras constritoras como a jiboia, "é forte o suficiente" para afetar a pressão sanguínea, os gases transportados pelo sangue, a composição química do sangue e até as funções cardíacas. "O estudo da equipe de Boback não é o primeiro feito sobre a parada circulatória provocada pelas constritoras, mas é a primeira vez que foi feita uma medição direta da pressão sanguínea e da atividade cardíaca", disse Moon à BBC.

"Os resultados mostraram que o aperto é mais forte, mais rápido e mais eficaz do que se sabia." Num estudo anterior feito também por cientistas do Dickinson College, os pesquisadores descobriram que as cobras eram capazes de sentir o batimento cardíaco das vítimas e só paravam de apertar ao perceberem que o coração parava de bater.

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