AGU pede bloqueio de mais de 50 grupos do Telegram que incentivam novos atos golpistas
Monitoramento entre os dias 4.jan e 8.jan revela +50 canais e grupos que participaram de vandalismo
A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou na noite de terça-feira (10.jan) que o Supremo Tribunal Federal (STF) determine o bloqueio de 7 canais e 46 supergrupos do Telegram que tentam organizar ou incentivar novos atos golpistas em todo o país, ou que participaram na organização dos ataques às sedes dos três poderes em Brasília dia 8.jan.2023.
[Atualizado às 13h37] O ministro do STF Alexandre de Moraes atendeu ao pedido da AGU e determinou o bloqueio dos grupos.
Uma publicação que convoca "Mega Manifestação Nacional pela Retomada do Poder" em todas as capitais nesta quarta-feira (11.jan) às 18h foi detectada ontem pelo monitoramento do Núcleo e é citada na petição do órgão.
O monitoramento da AGU entre os dias 4.jan e 8.jan revela grupos que participaram da invasão aos prédios do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto, além dos canais que estão divulgados desde ontem (10.jan) os novos atos.
A AGU pede que o STF determine:
"que o provedor de aplicação Telegram proceda com o bloqueio da conta de todos os usuários identificados pelo from_user_id em anexo; determinação imediata para que o provedor de aplicação Telegram proceda com o bloqueio de todos os grupos identificados pelo chat_id; e determinaçãoimediata para que o provedor de aplicação Telegram identifique e bloqueie de todos os grupos que os usuários identificados sejam administradores".
ESTRATÉGIAS. Muitos desses canais monitorados já não podem ser encontrados — como os canais Gaia Brasil e Brasil Notícias, citados pela AGU —, assim como muitas mensagens foram deletadas.
Nomes de grupos também foram alterados, e passaram a usar mensagens temporárias. Alguns usuários também estão migrando para outras redes, como o Signal e Gettr.
Além disso, os canais monitorados também adotaram moderação mais rígida. O "🇧🇷🇧🇷Official Brazil Convoy 2022🇧🇷🇧🇷 Chat" só aceita membros novos após análise dos administradores do grupo. E como os canais estão sendo invadidos por "infiltrados", os moderadores conduzem desde segunda uma faxina entre os integrantes, excluindo membros.
NOVOS ATOS. Os bolsonaristas criaram grupos por regiões do país para organizar os novos atos.
A movimentação nesses canais foi intensa durante a madrugada desta quarta-feira, 11.jan, conforme revela monitoramento do Núcleo. Um gabinete de crise foi criado pelo governo federal para monitorar a situação e a segurança será reforçada.
Usando hashtags como #BrazilianSpring e #PrimaveraBrasileira, além de se referirem à Academia Nacional de Polícia Federal — onde os golpistas que participaram do ataque de 8.jan estão presos — como campo de concentração, as mensagens recentes dos canais bolsonaristas são de "táticas de guerrilha" e orientações para os detidos.
Leia a íntegra da petição da AGU
Edição Sérgio Spagnuolo
Texto atualizado às 11h06 de 11.jan.2023 com mais informações sobre o montante de grupos
Texto atualizado às 13h37 de 11.jan.2023 para incluir posicionamento do STF, no segundo parágrafo.