Ações da Oracle despencam com previsões pessimistas e maiores investimentos, reacendendo preocupações sobre bolha da IA
As ações da Oracle despencaram mais de 11% nas negociações pré-mercado desta quinta-feira, após previsões pessimistas e maiores despesas de capital alimentarem preocupações de que seus investimentos maciços em IA estejam demorando mais do que o esperado para dar retorno.
Ações relacionadas à IA, incluindo Nvidia, Microsoft, Micron e Coreweave, caíram entre 0,7% e 2,9% após os resultados decepcionantes da empresa.
Na quarta-feira, executivos da Oracle alertaram que os investimentos de capital para o ano fiscal de 2026 agora devem ser US$15 bilhões maiores do que os US$35 bilhões estimados pela empresa em setembro, durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre.
Na tentativa de competir com gigantes do setor como Amazon, Microsoft e Google, a Oracle firmou acordos de computação em nuvem com a OpenAI e outras empresas, o que ajudou suas ações a subirem quase 34% este ano.
Analistas afirmaram que uma grande parte dos investimentos de capital da Oracle está ligada a data centers relacionados à OpenAI.
No entanto, os investimentos financiados por dívidas da empresa e a forte dependência da OpenAI aumentaram as preocupações dos investidores em meio a temores de uma bolha de IA alimentada por gastos excessivos, altos valuations, ganhos de produtividade limitados no mundo real e investimentos circulares complexos.
"Consideramos a atual discrepância entre gastos e receitas como um problema na curva de investimentos, e não como uma mudança nos fundamentos", afirmaram os analistas do BofA Global Research em nota.
"A atual fragilidade reside na necessidade de mais ciclos de investimento em bens de capital para atender à demanda, e a empresa acaba pagando o preço pela velocidade anormal com que o investimento é exigido para acompanhar as tendências atuais da demanda por IA."
Os swaps de crédito de cinco anos da Oracle, que oferecem aos detentores de títulos uma proteção contra inadimplência, atingiram níveis recordes, à medida que a empresa contrai empréstimos vultosos para a expansão de seus data centers.
A métrica da empresa, que é acompanhada de perto para futuros contratos em nuvem, também ficou abaixo das estimativas de Wall Street.
Segundo dados da Visible Alpha, a Oracle anunciou contratos futuros no valor de US$523 bilhões, abaixo das estimativas dos analistas, que previam US$526 bilhões.
Pelo menos dez corretoras reduziram drasticamente seus preços-alvo para as ações.
Em uma teleconferência, em resposta à pergunta sobre como a Oracle financiaria a construção dos data centers, o presidente-executivo Clay Magouyrk disse: "Uma das opções é que os clientes possam trazer seus próprios chips e, nesses modelos, a Oracle obviamente não precisa incorrer em nenhum investimento inicial."
De acordo com dados da LSEG, a empresa previu um crescimento da receita no terceiro trimestre entre 16% e 18%, abaixo da estimativa de 19,4%, que era de US$16,87 bilhões.
"Será uma questão de paciência para os investidores. Esse boom da IA não será um sucesso da noite para o dia, e os gastos no curto prazo são uma necessidade, mas pressionarão as margens de lucro", disse Farhan Badami, analista de mercado da eToro.
A Oracle negocia com uma relação preço/lucro futura de 29,56, em comparação com suas concorrentes, como a Microsoft a 27,24 e a Amazon a 29,06, de acordo com dados compilados pela LSEG.